Transmissão de interrogatórios no STF mobiliza base de Bolsonaro e PT

Depoimentos sobre tentativa de golpe começam segunda e serão exibidos ao vivo; ex-presidente e partido de Lula incentivam militância a acompanhar

Por Plox

08/06/2025 15h35 - Atualizado há cerca de 7 horas

Começa nesta segunda-feira (9), no Supremo Tribunal Federal (STF), a oitiva dos réus acusados de participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado. Os depoimentos, inéditos por serem transmitidos ao vivo pela TV Justiça, geraram forte mobilização política nos dois principais campos envolvidos: o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o do Partido dos Trabalhadores (PT).


Imagem Foto :Tânia Rêgo/Agência Brasil


Na sexta-feira (6), durante evento do PL, Bolsonaro afirmou esperar a audiência de seus apoiadores no momento do seu interrogatório, reforçando que irá ao STF “com a verdade”, e não para “desafiar quem quer que seja”. Segundo ele, os fatos de 2022 “serão falados” diante dos cinco ministros que o ouvirão.


No dia seguinte, o PT também convocou sua militância por meio das redes sociais. O partido anunciou que retransmitirá as sessões em seu canal, a TvPT, e publicou: “Prepare a pipoca e acompanhe tudo em nossas redes!”.



As convocações fazem parte de estratégias distintas, mas que têm como ponto comum a tentativa de mobilizar o público. Bolsonaro quer reforçar o discurso de que as acusações fazem parte de uma “narrativa”, enquanto o PT busca ampliar a ideia de que houve uma tentativa real de impedir a posse de Lula após a eleição de 2022.


Os primeiros a depor serão os integrantes do chamado “núcleo crucial” da suposta trama. A lista de oito nomes inclui o próprio Bolsonaro e figuras importantes de seu governo. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e atualmente delator, abrirá os trabalhos.



Na sequência, os depoimentos seguirão em ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro (ex-presidente da República), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e candidato a vice em 2022).


Todos os interrogatórios acontecerão na sala de sessões da Primeira Turma do STF. Todos os réus deverão acompanhar presencialmente cada oitiva, com exceção de Braga Netto, que está preso e participará por videoconferência.



Os depoimentos estão previstos para começar às 14h na segunda. Nos dias seguintes, até a sexta-feira (13), ocorrerão pela manhã, sem tempo definido para cada fala. As perguntas serão iniciadas pelo juiz instrutor, ministro Alexandre de Moraes, depois pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e por fim pelos advogados de defesa.


Durante as sessões, os réus ficarão sentados em ordem alfabética, o que colocará Bolsonaro ao lado de Mauro Cid, seu antigo aliado e agora delator. Cada depoente se dirigirá a uma mesa exclusiva para o interrogatório, onde também estará o advogado responsável.


O direito ao silêncio será respeitado, conforme a legislação, para evitar qualquer autoincriminação.


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