Aumento de doenças crônicas ligado ao consumo de ultraprocessados
Pesquisa revela que alimentos industrializados estão associados a 32 problemas de saúde, incluindo câncer e transtornos mentais
Por Plox
08/07/2024 10h08 - Atualizado há 12 meses
Uma pesquisa internacional revelou que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, aqueles submetidos a processos industriais com adição de gorduras, açúcares e sódio, está diretamente ligado ao surgimento de 32 doenças diferentes. Entre os problemas estão o aumento na incidência de câncer, transtornos mentais e morte precoce. Essas conclusões, divulgadas por estudiosos de Estados Unidos, Austrália e Europa, reforçam a necessidade de uma mudança urgente nos hábitos alimentares da população.

Impacto global dos ultraprocessados
Em maio deste ano, a morte do cineasta norte-americano Morgan Spurlock, famoso pelo documentário “Super Size Me: A Dieta do Palhaço”, em que se alimentou exclusivamente de fast-food por um mês, trouxe à tona a gravidade do tema. Spurlock, que faleceu aos 53 anos vítima de câncer, é um exemplo do impacto negativo de dietas ricas em alimentos ultraprocessados.
Riscos para a saúde
A nutricionista Ana Luiza Pellegrinelli, professora e coordenadora da Faseh (Faculdade da Saúde e Ecologia Humana), destaca que há um consenso na literatura científica associando o consumo prolongado desses alimentos ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e colesterol alto. “Ultraprocessados são conhecidos pelo excesso de substâncias específicas, como açúcares e gorduras”, alerta Ana.
Descompasso entre lucro e saúde
O sódio, frequentemente presente em ultraprocessados, é um dos maiores vilões, como explica Ana. “O sódio é um conservante muito barato para a indústria alimentícia”, o que evidencia o descompasso entre lucro e saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças cardiovasculares, vinculadas ao excesso de gordura e sódio, são a maior causa de adoecimento e morte no mundo.
Orientações para uma dieta saudável
O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, classifica os alimentos entre in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados, orientando a preferência por alimentos mais naturais. Ana recomenda evitar ultraprocessados na rotina alimentar. Em dezembro de 2023, o presidente Lula assinou um decreto proibindo a comercialização desses produtos nas merendas escolares, privilegiando uma dieta saudável.
Adaptações e estratégias
Para Ana, a mudança de hábitos alimentares deve ser gradual e estratégica, com alternativas mais saudáveis sendo cada vez mais acessíveis. Ela sugere opções como sucos de caixinha feitos com 100% de fruta e produtos artesanais para momentos de lazer.
Preocupação com as crianças
A rotina alimentar atual tem afetado também as crianças. Ana relata casos de crianças de 8 a 10 anos apresentando doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade, problemas que antes eram comuns apenas em adultos acima de 50 anos. “Não só no Brasil, mas no mundo todo, há um aumento significativo dessas doenças em crianças”, enfatiza Ana, destacando a importância de os adultos darem bons exemplos alimentares.
Em resumo, a conscientização e a mudança de hábitos são essenciais para combater os impactos negativos dos alimentos ultraprocessados na saúde global.