Beleza negra: luta por representatividade transforma a indústria cosmética

Crescimento da diversidade no mercado de cosméticos

Por Plox

08/07/2024 10h01 - Atualizado há 3 meses

Na última década, a indústria de cosméticos tem enfrentado críticas e chamado a atenção para a falta de representatividade de pessoas negras. Um dos maiores avanços veio em 2020, quando a Avon expandiu sua linha de maquiagem para incluir 20 novos tons, desenvolvidos especificamente para a população negra e parda do Brasil. Juliana Barros, diretora de marketing da Avon, afirmou: "Detectamos que o tom de pele da brasileira é único". Da mesma forma, a marca Bruna Tavares introduziu 30 tonalidades de base em seu portfólio, enquanto a Natura lançou, em 2022, uma nova cartela de cores com 24 tons, incluindo diferentes subtons.

Pioneirismo e influência de figuras notáveis

Tássio Santos, jornalista, influenciador e autor do livro "Tem minha cor? Quando se maquiar se torna um ato político", cunhou o termo "racismo cosmético" para descrever a exclusão de pessoas de pele escura pela indústria de beleza. Segundo Santos, a falta de produtos adequados reflete um sistema de desigualdade enraizado no Brasil. Ele acredita que a diversidade pode ser um trunfo para as vendas e incentiva as grandes empresas a considerarem isso em seus portfólios inteiros.

Dificuldades enfrentadas por maquiadoras negras

Nati Barbosa e Jéssica Barreto, ambas maquiadoras especializadas em pele negra, compartilham experiências de desafios enfrentados no início de suas carreiras. Nati, que começou a maquiar-se há 20 anos, e Jéssica, que iniciou aos 13 anos, relataram que frequentemente viam seus rostos acinzentados após usar produtos inadequados. Nati enfatiza que, apesar de avanços significativos, ainda há muito a ser feito para garantir que todas as mulheres negras tenham acesso a produtos de qualidade.

 

Impacto do racismo cosmético na autoestima

Mais do que uma questão estética, o racismo cosmético afeta a autoestima e o bem-estar das pessoas. Pietra Alves, psicóloga, alerta que a falta de produtos de beleza adequados pode mutilar a autoestima de indivíduos que não conseguem realçar o que consideram bonito em si mesmos. Denise Coutinho, diretora de marketing e comunicação da Natura, reforça a importância de desassociar a maquiagem dos padrões estéticos e usá-la como um vetor de empoderamento e autoexpressão

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Desafios e avanços na representatividade

Elisângela Furtado, professora e pesquisadora da Fundação Dom Cabral, destaca que ainda há muito a ser feito para combater o racismo cosmético. Ela lembra que a Fenty Beauty, marca da cantora Rihanna, foi pioneira ao lançar a maior gama de bases em 2017, incentivando outras marcas a seguir o exemplo. Contudo, ela ressalta que o setor ainda valoriza mais a pele branca e não atende adequadamente a população negra

 

Um caminho longo a percorrer

Embora os esforços recentes de marcas como Avon, Bruna Tavares e Natura representem passos importantes para a inclusão, a indústria de cosméticos ainda enfrenta desafios para atender a vasta diversidade de tons de pele e preferências individuais no Brasil. 

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