Quatro mortes diárias por câncer de cabeça e pescoço em Minas Gerais
Campanha Julho Verde destaca prevenção e diagnóstico precoce
Por Plox
08/07/2024 17h06 - Atualizado há 12 meses
Minas Gerais enfrenta uma grave realidade: quatro pessoas morrem diariamente devido ao câncer de cabeça e pescoço, somando 8.645 óbitos nos últimos cinco anos. Esse tipo de câncer, frequentemente associado ao consumo excessivo de álcool e tabaco, atinge órgãos como boca, língua, laringe e tireoide.
O drama de Hélio Francisco
O pedreiro Hélio Francisco da Costa, ao perceber uma rouquidão persistente há três anos, descobriu que estava com câncer de laringe. Ele perdeu a capacidade de falar, sendo um dos quase 23 mil casos registrados no estado desde 2019. Apesar do diagnóstico tardio, ele sobreviveu ao tratamento, ao contrário de muitos que não têm a mesma sorte.
Laringes eletrônicas no tratamento
O Hospital Alberto Cavalcanti, referência em oncologia pelo SUS, distribuiu laringes eletrônicas para pacientes como Hélio. Em 2023, 13 pacientes receberam o dispositivo, proporcionando uma nova forma de comunicação. "No início foi muito difícil, eu ficava muito nervoso, já que com a retirada das cordas vocais eu não podia mais falar. Agora, melhorou 100%. Me comunico com qualquer pessoa, sem nenhum problema", conta Hélio.
Estatísticas alarmantes e fatores de risco
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), de 2019 a 2024 foram diagnosticados 3.504 casos de câncer de orofaringe e 2.976 na língua. Esse tipo de câncer é o quinto mais comum no Brasil, mas com chances de cura de até 90% se detectado precocemente. O médico Guilherme de Souza Silva, do Hospital Alberto Cavalcanti, alerta para o aumento de casos entre mulheres devido ao consumo de álcool e tabaco. "Há alguns anos, a proporção era de 11 homens para cada mulher. Hoje, com o aumento no número de mulheres fazendo uso de álcool e cigarros, essa proporção diminuiu e temos três homens para cada mulher com a doença", explica.

Prevenção e tratamento
Os principais sintomas são feridas na boca e garganta que não cicatrizam, dificuldades para engolir e alterações na voz. O SUS oferece tratamento integral e gratuito em 17 municípios de Minas Gerais, com procedimentos que incluem cirurgias, quimioterapias e radioterapias.
A campanha Julho Verde enfatiza a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A coordenadora de Saúde Bucal da SES-MG, Jacqueline Silva Santos, recomenda que feridas que não cicatrizem em até 15 dias sejam avaliadas por um cirurgião-dentista. Além disso, a vacina contra HPV e evitar o consumo de tabaco e álcool são medidas preventivas eficazes.