Veterinária com "pior dor do mundo" reconsidera eutanásia após novas possibilidades de tratamento
Estudante avalia alternativas médicas para neuralgia do trigêmeo antes de decidir por eutanásia na Suíça
Por Plox
08/07/2024 09h13 - Atualizado há 12 meses
Duas novas oportunidades de tratamento podem mudar a decisão de Carolina Arruda, 27 anos, estudante de veterinária, de realizar eutanásia na Suíça. Carolina, que sofre há 11 anos de neuralgia do trigêmeo, considerada uma das dores mais intensas do mundo, está analisando novas abordagens terapêuticas.
Dor insuportável e busca por alternativas
A neuralgia do trigêmeo provoca uma dor extrema no rosto, com crises de choques elétricos e pontadas, afetando ambos os lados da face de Carolina. "A dor constante está no nível 6, mas durante as crises atinge o nível 10, tornando-se insuportável", descreve a jovem.
Recentemente, Carolina foi informada sobre uma nova técnica para tratar a neuralgia, possivelmente cirúrgica, apresentada pelo neurologista Wellerson Sabat e uma equipe da Argentina. "Vou tentar, dependendo da margem de sucesso. Se for uma terapia com poucas chances, não vou me arriscar", pondera a estudante. A consulta com o médico brasileiro será no dia 18 de julho.
Esperança em tratamento mineiro
Outra esperança de Carolina é a Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais. A jovem, natural de Bambuí, já conhecia o trabalho da instituição, mas o alto custo a impedia de acessar os serviços. Agora, uma consulta online será realizada gratuitamente. "Se funcionar e aliviar a dor, talvez eu reconsidere a eutanásia", diz Carolina.

Suporte da comunidade e terapias complementares
Para financiar a eutanásia na Suíça, Carolina criou uma vaquinha online intitulada "Por uma despedida digna: ajude Carolina a alcançar paz". Até o momento, foram arrecadados mais de R$ 115 mil dos R$ 150 mil necessários. O caso ganhou notoriedade nas redes sociais, facilitando o contato com fornecedores de canabidiol, que Carolina utiliza como parte do tratamento, junto a outros dez medicamentos diários, incluindo antidepressivos e opioides.
Impacto das crises e tratamentos passados
A saúde mental de Carolina foi gravemente afetada pelas crises, levando-a a tentativas de suicídio. Ela já passou por quatro cirurgias, consultou 70 médicos e testou mais de 50 medicamentos. Além disso, recebe aplicações de botox nos músculos temporais e masseter a cada quatro meses, reduzindo a dor em cerca de 5%.
A primeira crise ocorreu há 11 anos, após um episódio de dengue. Segundo o infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, da Hospital das Clínicas de São Paulo, a dengue pode causar raras manifestações neurológicas, como a neuralgia do trigêmeo, desencadeadas pelo vírus ou pela resposta imunológica à infecção.
Informações sobre a neuralgia do trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo é uma disfunção que causa dor intensa na face, afetando o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da região. "O trigêmeo tem três ramificações e controla as sensações do rosto. Lesões nesse nervo, ou até sem causa aparente, podem provocar hiperestimulação e dor extrema", explica o neurologista Sérgio Jordy.
Diversas abordagens de tratamento existem, incluindo medicamentos, cirurgias e radiocirurgias. "Pode-se até cortar o nervo para aliviar a dor, apesar de perder a sensibilidade facial", esclarece o médico.
Mensagem de esperança
Carolina envia uma mensagem para outras pessoas com neuralgia do trigêmeo: "Não se desesperem e não achem que a eutanásia é a única saída. Meu caso é raro e não serve como referência. Existem vários tratamentos possíveis".