Casos de esporotricose disparam e gatos se tornam foco de alerta sanitário
Doença cresce entre humanos e animais, com aumento de 64% nos registros; especialistas defendem comitê para conter avanço
Por Plox
08/07/2025 08h34 - Atualizado há 1 dia
O número de casos de esporotricose entre humanos aumentou 64% nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já entre os animais, principalmente gatos, o avanço foi de 39%, segundo dados de autoridades de saúde. Esse crescimento acelerado acendeu o alerta de especialistas e grupos de proteção animal, que passaram a tratar o cenário como uma epidemia em expansão.

O tema foi debatido em audiência pública nesta segunda-feira (7/7), onde foi proposta a criação de um Comitê Interinstitucional para enfrentar o problema. A ideia é unir representantes da prefeitura, sociedade civil e entidades técnicas para implementar ações integradas, com foco em educação, tratamento gratuito e prevenção tanto para animais quanto para humanos.
A esporotricose é uma infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, que penetram no organismo por ferimentos na pele. Classificada como uma zoonose, a doença pode ser transmitida dos gatos para os humanos por meio de arranhões, mordidas ou contato com secreções. Em humanos, provoca lesões cutâneas dolorosas e, em casos graves, pode afetar órgãos internos, como os pulmões.
Durante a audiência, a diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Vânia Nunes, afirmou que a doença está presente em quase todo o país e defendeu a castração em massa de gatos de rua como forma de conter a proliferação. Segundo ela, o animal castrado passa por avaliação clínica, o que possibilita o diagnóstico e o início do tratamento, se necessário.
A vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), Myrian Kátia Iser Teixeira, destacou que o diagnóstico é simples e barato, mas o desafio está na captura dos gatos, no tratamento e na devolução ao habitat. Sem esse manejo, a cadeia de transmissão permanece ativa e difícil de controlar.
As colônias de gatos em áreas públicas são apontadas como um dos maiores pontos de preocupação. De acordo com especialistas, em muitos desses locais há suspeita de que pelo menos um animal esteja contaminado, o que acelera a disseminação entre os felinos e representa risco à saúde pública.
A Prefeitura informou que o tratamento dos animais é oferecido gratuitamente no Complexo Público Veterinário, mediante encaminhamento da equipe de Zoonoses. Já para humanos, o atendimento é feito nos Centros de Saúde do município. O tratamento deve começar rapidamente após o diagnóstico, e pode durar de três a seis meses até a cura completa.
Entre as formas de prevenção, estão a castração, a vacinação e, principalmente, evitar que os gatos tenham acesso livre às ruas, onde podem contrair e transmitir a doença. Em nota, a Prefeitura reforçou que realiza campanhas educativas e visitas domiciliares com orientação dos Agentes de Combate a Endemias sobre os cuidados e a guarda responsável dos animais.