Nova variante da Covid-19 é detectada no Brasil
Casos da XFG foram identificados no Ceará e em São Paulo; autoridades seguem monitorando a situação
Por Plox
08/07/2025 09h14 - Atualizado há 1 dia
Os primeiros registros da variante XFG do coronavírus no Brasil ocorreram no Ceará, entre os dias 25 e 31 de maio, conforme anunciado pelo governo estadual na última sexta-feira (4). Outros dois casos foram identificados em São Paulo, totalizando oito notificações no país.

Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, a variante XFG ainda não causou mortes no Brasil e está sendo monitorada através do sequenciamento genômico contínuo. Esse trabalho de vigilância permite acompanhar mutações do vírus em circulação.
Em nível internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia incluído a XFG na lista de “variantes sob monitoramento”. A entidade destacou que a nova cepa teve um crescimento expressivo em países do Sudeste Asiático, passando de 17,3% para 68,7% dos casos — sendo a Índia o principal foco. Nas Américas, a variante aumentou de 7,8% para 26,5% dos registros, com crescimento também reportado em regiões da Europa, África e Pacífico Ocidental.
Apesar dessa expansão, a OMS considera que o risco global associado à XFG é baixo. Ainda de acordo com a organização, não há evidências de que a variante provoque formas mais graves da doença ou leve a um aumento na mortalidade.
“Embora haja aumentos em casos e hospitalizações em algumas áreas, não há evidências de que a XFG cause doenças mais severas ou mortes”, afirma a OMS
.No Brasil, o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde do Ceará revelou uma elevação na taxa de positividade dos testes para Covid-19, que saltou de quase 0% no início de junho para 10% no final do mês. A maioria dos casos foi identificada em Fortaleza, embora o número exato por município não tenha sido informado. O secretário executivo de Vigilância em Saúde do estado, Antonio Silva Lima Neto, comentou que
“é possível que a nova variante seja responsável por esse aumento de casos que nesse momento ainda é discreto, mas que a gente não sabe se pode de fato ter essa transmissão subitamente elevada nas próximas semanas”
.
Julio Croda, infectologista da Fiocruz e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explicou que a XFG é resultado da recombinação das linhagens LF.7 e LP.8.1.2, ambas derivadas da Ômicron. A LP.8.1.2 já havia se tornado predominante globalmente, e agora a XFG começa a se espalhar de forma mais intensa, especialmente após se consolidar como dominante na Índia.
De acordo com Croda, em junho de 2025, a presença da XFG nas amostras sequenciadas ao redor do mundo subiu de 7% para 23%.
“Quando uma variante se torna dominante, muito provavelmente, é porque ela tem um dos dois mecanismos: ou é mais transmissível ou tem escape de resposta imunológica. Não tem relação com maior gravidade”, afirma o especialista
.
A nova cepa apresenta sintomas semelhantes aos da Covid-19 tradicional, como dor de garganta, rouquidão e irritação, mas não há indicação de que ela cause formas mais severas da doença. As vacinas atualmente disponíveis continuam eficazes contra a XFG, conforme reforçado por Croda e pelas autoridades de saúde.
No entanto, o especialista alerta para a baixa adesão à vacinação entre os idosos, considerada preocupante.
“Existe uma recomendação clara da OMS e do Ministério da Saúde para que os idosos recebam pelo menos uma dose atualizada da vacina, como fazemos anualmente com a da influenza. Mas a adesão está baixa”
, lamenta.
Até julho de 2025, o Ministério da Saúde já distribuiu mais de 14,2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 em todo o Brasil. A pasta reforça que a imunização é a principal forma de prevenir complicações e mortes decorrentes da infecção.
Croda também lembra que, atualmente, a influenza é o vírus respiratório que mais leva a internações por síndrome respiratória aguda grave no país. Porém, ele alerta que o cenário pode mudar com a introdução de uma nova variante de Covid-19, a depender da resposta imune da população.
“A gente nunca sabe se o comportamento da variante no Brasil será igual ao de outros países. Depende de cobertura vacinal e infecções prévias. Por isso, é fundamental garantir proteção principalmente nos grupos de risco”
, conclui.