Violência marca eleição interna do PT em Sergipe

Militante agride fiscal com soco no rosto durante votação em Aracaju; vítima foi hospitalizada e registrou boletim de ocorrência

Por Plox

08/07/2025 10h54 - Atualizado há cerca de 24 horas

Durante o domingo (6), o processo de escolha interna dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), conhecido como PED, foi marcado por um episódio de violência em Aracaju, Sergipe. A confusão teve início quando Layanne Carvalho, de 36 anos, atuando como fiscal da votação, foi violentamente agredida após advertir um militante que tentava influenciar o voto da esposa.


Imagem Foto: Agência Brasil


Layanne, que é chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Juventude do governo federal, confrontou o militante conhecido como “Gaguinho”, cujo nome é Marinaldo Alves Santos, de 68 anos. Ele foi acusado de orientar a esposa no momento do voto, o que é proibido no PED devido ao uso de cédulas físicas e ao caráter secreto da votação. Após a advertência, Marinaldo desferiu um soco no rosto de Layanne, que caiu ao chão e precisou ser levada ao pronto-socorro.



“Conheço ele desde que entrei no partido, há 17 anos, mas nunca fui próxima. Não sei se é do feitio dele ser explosivo assim. Mas não há justificativa para o que aconteceu — e nem para bater em mulher”, declarou Layanne, ainda abalada com a agressão. No dia seguinte, ela formalizou a denúncia registrando boletim de ocorrência na 2ª Delegacia Metropolitana de Aracaju.


O agressor é conhecido por seu apoio ao senador Rogério Carvalho (PT-SE), que venceu a eleição para o comando do diretório estadual do partido com ampla margem, obtendo mais de 70% dos votos. Apesar de estar presente no local do incidente, Layanne afirmou que o senador não a procurou nem demonstrou solidariedade após o ocorrido.
“Ele estava presente e nem foi até mim, nem mandou mensagem depois”

, relatou.


Em resposta, a chapa “Militância Presente”, da qual Rogério Carvalho faz parte, divulgou uma nota em que condena o ato de violência e promete levar o caso à Comissão de Ética e à Executiva Estadual do partido. No comunicado, o grupo reafirma o compromisso do PT com a defesa das mulheres e repudia comportamentos machistas e violentos. “Reafirmamos, com toda firmeza, que o Partido dos Trabalhadores não tolera, não relativiza e não acoberta comportamentos machistas, misóginos ou violentos”, declarou a chapa em nota pública.


Apesar do apoio recebido por militantes de outras chapas, principalmente mulheres, Layanne revelou que se sentiu desamparada institucionalmente. “Me sinto acolhida pelos meus companheiros de chapa, mas não pelo diretório estadual”, lamentou.


Até a publicação da reportagem, o Diretório Estadual do PT de Sergipe não havia se pronunciado oficialmente sobre o episódio.


O Processo de Eleição Direta do PT é utilizado para escolher lideranças municipais, estaduais e nacionais. A votação deste ano marcou o retorno ao uso de cédulas físicas após o Tribunal Superior Eleitoral negar o empréstimo de urnas eletrônicas à sigla.



O caso acende um alerta sobre a condução e a segurança nas eleições internas partidárias, especialmente em momentos de disputa acirrada como o atual.


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