Ex-moradora de Timóteo suspeita de matar cinco filhos sedava e asfixiava vítimas, diz investigação

Crimes ocorreram entre 2008 e 2023 em Timóteo; Polícia Civil afirma que suspeita dopava as crianças antes de sufocá-las

Por Plox

08/08/2025 06h43 - Atualizado há 2 dias

Entre 2008 e 2023, uma sequência de mortes de crianças em Timóteo, no Leste de Minas, chamou a atenção da Polícia Civil. Nesta quinta-feira (7), durante coletiva de imprensa em Ipatinga, investigadores detalharam que a principal suspeita, Gisele Oliveira, de 40 anos, teria usado sedativos para reduzir o nível de consciência dos filhos antes de asfixiá-los.

Assista:

A mulher foi presa na última terça-feira (5), em Coimbra, Portugal, após ação conjunta da Polícia Judiciária portuguesa e da Interpol, atendendo a um pedido da Justiça brasileira. Segundo as autoridades, ela estava foragida desde abril, quando começaram as intimações relacionadas ao caso.


Imagem Foto: Maressa Nascimento/PLOX


De acordo com a delegada Valdimara Teixeira, responsável pela Delegacia de Homicídios de Timóteo, as mortes ocorreram em momentos distintos. Em 2008, houve uma tentativa de envenenamento contra o filho mais velho, usando produto para matar piolhos na mamadeira — a criança sobreviveu após atendimento médico. Dois anos depois, em 2010, duas crianças morreram com intervalo de pouco mais de um mês; uma delas, com apenas 10 meses, apresentava intoxicação por fenobarbital. Já em 2019, mais duas crianças perderam a vida, com intervalo de dois meses e meio, e a mãe possuía receita para o mesmo sedativo. Em 2023, mais uma morte foi registrada, fato que deu início à investigação que resultou na prisão.



Conforme a polícia, todas as crianças eram saudáveis e apresentavam sinais de intoxicação e asfixia após passarem um período sob os cuidados da mãe. Em dois casos, a cena reforçava a suspeita: uma vítima foi encontrada com o rosto voltado para o sofá e outra com uma fralda na boca. Há ainda suspeita de que, em 2022, o atual companheiro da mulher tenha sofrido tentativa de homicídio, após ficar 24 horas desacordado e apresentar confusão mental.


O escrivão Leonardo Félix relatou que o alerta inicial veio de uma assistente social, que ouviu uma tia da última vítima desabafar no hospital que “era a quinta morte e que a justiça precisava ser feita”. Depoimentos de testemunhas apontaram que, após passarem alguns dias com a mãe, as crianças voltavam apáticas, sonolentas e com sintomas incomuns. Uma delas apresentou um áudio no qual a suspeita teria confessado os crimes.
\"Concluímos, depois de muitas oitivas e análise de prontuários, que a investigada reduzia o nível de consciência das crianças com sedativos e, em seguida, as asfixiava\", disse a delegada.

A investigadora Raquel Silva afirmou que, no início, familiares tinham receio de falar, mas, com a prisão, mais informações surgiram e novas testemunhas passaram a colaborar.


A delegada regional de Ipatinga, Talita Soares, informou que foi possível localizar o endereço da suspeita em Portugal, o que possibilitou a captura. A extradição está sendo analisada pelo Judiciário brasileiro em conjunto com o Ministério da Justiça.



Os exames feitos nas crianças ainda em vida estão em análise, e, por enquanto, a exumação foi descartada por possível inutilidade técnica, mas poderá ser reavaliada. O inquérito segue em andamento, com expectativa de conclusão em breve.


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