Globo publica foto “deslocada” simulando poucas pessoas em manifestação pró-Bolsonaro

Colaborador da emissora conversou com o Plox em anonimato e citou outras manipulações

Por Plox

08/09/2021 19h41 - Atualizado há mais de 2 anos

As empresas de comunicação ligadas à Rede Globo de Televisão, rádio, jornais e sites assumiram que não se limitarão apenas em mostrar os fatos ocorridos no país. Os jornalistas desse canal de comunicação têm usado os espaços, incluindo os que são uma concessão pública, para criarem situações que embaracem o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As formas usadas são todas as possíveis, para tirar do presidente qualquer sinal de qualidade e tentar lhe imputar todas as formas de deterioração da sua imagem.

“Se você falar quem sou eu, eles me ferram”, assim se encerrou a conversa entre um colaborador da emissora e um membro da equipe do Plox.

O “colega” citou como exemplo uma reportagem de destaque do site Globo.com, no sob-domínio G1, desta quarta-feira (08). Esta matéria aborda as manifestações populares a favor do ex-presidente Bolsonaro e contra os ministros do STF, ocorridas em todo o país, nesse 7 de Setembro. A fotografia postada na “reportagem”, seria  para mostrar os participantes do evento. No entanto, o centro da imagem foi deslocado de maneira a diminuir visualmente a percepção da quantidade de pessoas que participaram. Para o leitor do canal, que terá acesso a esta imagem, a conclusão da quantidade de pessoas que aderiram ao movimento será muito inferior à realidade dos fatos. 

Rede Globo Bolsonaro
A imagem deslocada para a esquerda mostra mais a água do mar do que as pessoas na manifestação. Foto: reprodução TV

 

Várias fotografias publicadas por outros veículos e por participantes, nas redes sociais, mostram que o volume de pessoas no movimento foi muito superior.

Bolsonaro copacabana
Foto: redes sociais

 

Segundo a fonte, as formas de simular o jornalismo ético não param por aí. Além de recursos gráficos, outras manipulações também estariam sendo usadas. Na conversa com o colaborador do canal, nos foi informado que os membros “nem sequer sentem vergonha de tal fato e acham isso natural pois sabem muito bem quais são os objetivos da empresa”, afirmou.

Durante a conversa, outra reportagem da Rede Globo foi comentada e citada como exemplo: esta outra matéria foi publicada como manchete e notícia principal daquele dia. A mesma induz o leitor a acreditar que o presidente Bolsonaro fazia uma péssima gestão das relações internacionais do Brasil e que isso estaria prejudicando o Brasil na obtenção de vacinas contra a COVID-19.

A “matéria”
No início deste ano, em janeiro, o site Globo.com publicou a seguinte manchete "Índia começa a exportar vacinas nesta semana, mas não para o Brasil“. Imediatamente, nas redes sociais, várias pessoas começaram a comentar a informação estampada na capa do site e nas chamadas da referida reportagem. Aconteceu-se o que era esperado: a maioria passou a acreditar que o Brasil estava mal representado internacionalmente e que a Índia iria exportar a vacina para vários países, mas estava deixando o Brasil de fora”.

Somente o leitor um pouco mais atento, que busca não se influenciar pela primeira impressão passada, poderia escapar dessa desinformação induzida. Basta ver a lista dos referidos países, que seriam contemplados com a exportação das vacinas da Índia, para perceber que não havia nenhuma exclusão do Brasil. 

Ao tomar conhecimento dos nomes dos países contemplados, surge uma constatação: a julgar pela manchete, esta levaria a acreditar que os países contemplados seriam talvez o Canadá, França, Itália, Estados Unidos e, obviamente, causaria estranheza a ausência do Brasil nessas exportações da Índia. Mas os países para os quais a Índia decidiu exportar são de pouca expressividade, tanto em importância econômica como em quantidade populacional. 

Os países para os quais a China fez as exportações são:

-Butão
-Ilhas Maldivas
-Bangladesh
-Nepal
-Mianmar
-Ilhas Seychelles

Rede Globo Bolsonaro
Foto: reprodução

 

“Ao observar o mapa-múndi, percebe-se que esses países estão a milhares de quilômetros do Brasil, ou seja, são países que fazem fronteira com a Índia e a escolha deles foi simplesmente para evitar a proliferação da doença naquela parte do mundo. Obviamente, se são países que fazem fronteira com a Índia, o Brasil nunca poderia estar entre eles”, comentou a fonte consultada pelo Plox.

O presidente Jair Bolsonaro também não esconde a sua insatisfação e desprezo pela forma como a Rede Globo e seus jornalistas tentam passar a ideia de que estão informando uma realidade. Segundo o presidente, eles estão desinformando e agindo interesses próprios e políticos. Por diversas vezes, Bolsonaro diz que a Rede Globo age dessa maneira porque, assim que ele tomou posse, “foram cortadas verbas milionárias que eram destinadas pelo governo a esta empresa''. Corrobora com a afirmação do presidente Bolsonaro a quantidade de anúncios de artistas que tiveram seus contratos encerrados ou diminuição dos valores pagos pela emissora neste período ao qual se refere Bolsonaro. “A fonte secou“, afirma reiteradamente o presidente.

“Eu aqui do (nome excluído a pedido da fonte), acompanho o trabalho de vocês do Plox. É assim que deve ser feito, como vocês fazem: se o Lula é preso, vocês mostram sendo presos. Se o Lula é solto, vocês mostraram ele sendo solto. Se o Bolsonaro sorri, vocês mostram sorrindo. Se Bolsonaro xinga, vocês mostram ele xingando. É assim que se faz. A gente mostra os fatos e deixa o leitor decidir. Isso é ético”, encerrou.

O colega ainda disse que outra forma de prejudicar a imagem é fazer ligação com pessoas que cometeram delitos e, por exemplo, postar fotos dessas pessoas com o presidente. “O cara vive na rua, come churrasquinho de gato e tudo mais. Qualquer dia vocês vão ler assim: “Homem que engraxou sapato de Bolsonaro em seu casamento é preso com 500 kg de cocaína”, concluiu com um sorriso. 

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