Declínio da Chocolates Pan: Ex-funcionários relembram glórias e lamentam falência

Empresa histórica, famosa pelos cigarrinhos de chocolate, tem passivo de R$ 260 milhões e busca comprador para sua antiga fábrica

Por Plox

08/09/2023 09h45 - Atualizado há quase 2 anos

Nos últimos quatro anos, o ex-empregado da Chocolates Pan, Ariel de Carvalho Rodrigues, 72, passou diversas vezes pela antiga fábrica em São Caetano do Sul, no ABC paulista. "Era um lugar bom de trabalhar... Fico triste de ver tudo aquilo abandonado", comenta Rodrigues, lamentando a falência da empresa e relembrando o último dia de trabalho em 20 de dezembro de 2019. Ele ainda aguarda sua rescisão contratual.

 

Foto: Reprodução

A Pan, fundada em 1935, ganhou fama em 1941 com os icônicos cigarrinhos de chocolate, popularizando o garoto-propaganda, Paulo Pompeia. Entretanto, nos últimos anos, a marca enfrentou sérias dificuldades financeiras, agravadas pela pandemia da Covid-19, culminando no pedido de recuperação judicial em março de 2021 e declarando falência em fevereiro do ano seguinte.

 

Dívidas e Tentativas de Resolução

Roberval Pedrosa, diretor jurídico do Sindicato da Alimentação de São Paulo, revelou ao veículo que "habilitamos um número significativo de ex-colaboradores como credores. Temos cerca de 60 pessoas para receber R$ 2 milhões no total." O passivo total da empresa é de R$ 260 milhões, sendo R$ 12,3 milhões em dívidas trabalhistas.

Pedrosa ainda acrescentou sobre os atrasos da empresa em relação a compromissos legais e salariais: "Há muito tempo que eles já não recolhiam INSS ou FGTS. Atrasavam salários, não pagavam acordos feitos na Justiça do Trabalho. Tentamos diálogo, mas a diretoria apenas respondia que não havia o que fazer."

 

Esperança no Leilão

Os ativos da Pan foram a leilão. Até o momento, poucos itens tiveram lances, destacando-se um Volkswagen Gol 1000 e um caminhão Mercedes-Benz 709. No entanto, a grande esperança reside no terreno da fábrica, avaliado em R$ 52,6 milhões, e visto como o bem mais valioso para ressarcir os credores. Pedrosa é otimista: "Aquilo é sagrado. É questão de tempo para alguém arrematar."

Lembrando seu passado, Dimas Marques da Silva, ex-funcionário, expressou surpresa com o declínio da empresa, enquanto João Batista Brasil, 67, lamentou a falta de reconhecimento após 22 anos de serviço. Com apenas 52 funcionários no momento da falência, a Pan já chegou a ter mais de 200 colaboradores em seus anos áureos.

Embora as dificuldades financeiras da Pan sejam evidentes, as memórias dos ex-funcionários e da comunidade local ilustram o impacto cultural e social que a empresa teve em sua trajetória. A esperança é que o leilão possa aliviar, ao menos em parte, as dívidas pendentes com os ex-colaboradores.

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