Internações complexas no Brasil são lideradas por hospitais filantrópicos
Hospitais filantrópicos assumem a maioria dos casos de alta complexidade, reforçando seu papel essencial na saúde pública.
Por Plox
08/09/2024 15h37 - Atualizado há 3 meses
Dados da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) revelam que, em 2023, os hospitais filantrópicos foram responsáveis por 61,33% das internações de alta complexidade no Brasil. Em comparação, a rede pública respondeu por 27,94%, enquanto a rede privada contribuiu com 10,73%.
Presença essencial nos municípios e emprego gerado
Os 1.814 hospitais filantrópicos do país disponibilizam 184.328 leitos, sendo 129.650 destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em 800 municípios brasileiros, esses hospitais são os únicos a fornecer assistência hospitalar, empregando mais de 1 milhão de pessoas. Essa atuação é crucial para a manutenção do atendimento de saúde em áreas onde o setor público e privado têm presença limitada ou inexistente.
Atuação expressiva em oncologia, cardiologia e transplantes
Em 2023, os hospitais filantrópicos realizaram 67% dos atendimentos oncológicos e 65% das cirurgias de cardiologia. Eles também foram responsáveis por 60% das cirurgias eletivas de alta complexidade. Além disso, essas instituições estiveram à frente de quase 70% dos transplantes de órgãos, 68% dos transplantes de medula óssea e 62% dos transplantes de tecidos e células no país.
Sustentabilidade e desafios financeiros
Apesar da significativa contribuição, as instituições filantrópicas enfrentam desafios financeiros devido ao subfinanciamento do SUS, com uma defasagem de 60% na tabela de repasses. Para suprir essa lacuna, os hospitais buscam complementação financeira através de doações, emendas parlamentares e empréstimos bancários, o que pode gerar dificuldades adicionais.
“A rede hospitalar filantrópica é a base do SUS. Esses números representam vidas salvas, cuidados oferecidos e a dedicação de milhares de profissionais comprometidos com a saúde e o bem-estar da nossa população”, afirmou Mirocles Véras, presidente da CMB. Ele ressaltou que, apesar de 30% do sistema de saúde estar sob responsabilidade dos estados e municípios, junto com a rede privada, a importância das instituições filantrópicas é inegável.
Parcerias para qualificação e controle de custos
Véras também destacou as parcerias estabelecidas com a Universidade de São Camilo para qualificar gestores e colaboradores das instituições filantrópicas, através de doutorados e cursos de especialização, visando melhorar o controle de custos e a gestão dos hospitais.
Revisão dos valores de remuneração pelo SUS
A Lei nº 14.820/24, sancionada no início de 2024, prevê a revisão anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao SUS. As instituições aguardam agora a regulamentação da lei para melhorar a sustentabilidade financeira. Segundo Véras, uma remuneração mais justa permitiria aumentar o número de leitos, adquirir novos equipamentos e expandir o quadro de pessoal, garantindo um planejamento mais eficaz para o futuro.
“Com a melhor remuneração, o número de pessoas atendidas poderia aumentar. Hoje, infelizmente, alguns hospitais têm diminuído o número de atendimentos não porque queiram, mas pela necessidade de manter a instituição aberta”, explicou Véras, reforçando que o objetivo é alcançar equilíbrio financeiro, e não lucro, para continuar garantindo atendimento de qualidade à população.