Apostas on-line elevam risco de vício e afetam saúde pública, alertam especialistas
Ministra da Saúde discute impactos das apostas on-line com presidente Lula; tragédias familiares e dívidas crescentes preocupam autoridades
Por Plox
08/10/2024 08h00 - Atualizado há 6 meses
Uma nova ameaça à saúde pública está ganhando força no Brasil: o vício em apostas on-line, ou bets. Com graves implicações financeiras e mentais, especialmente para as populações mais vulneráveis, o tema foi debatido recentemente entre a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estima-se que os brasileiros gastem cerca de R$ 6 bilhões mensalmente com essas apostas, sendo que R$ 3 bilhões vieram de beneficiários do Bolsa Família somente em agosto, segundo dados do Banco Central.

Na última semana, um caso trágico em Belo Horizonte chamou a atenção. Uma mulher tirou a própria vida devido ao endividamento causado por apostas on-line, segundo relatos de sua família. Ela teria acumulado cerca de R$ 20 mil em dívidas com agiotas, levando-a a um estado de desespero.
O neurocientista Bruno Rezende, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou que essas plataformas de apostas exploram o sistema de recompensa do cérebro, projetado para buscar prazer. A facilidade do acesso on-line acelera o processo de vício, ao contrário das apostas presenciais, que demandam mais esforço. Segundo o professor, o cérebro humano, ao ser exposto a esses estímulos constantes, acaba buscando gratificações rápidas e frequentes, o que potencializa o vício e prejudica várias áreas da vida dos usuários.
A ministra Nísia Trindade anunciou que pretende reforçar o enfrentamento desse problema no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando campanhas similares às de combate ao tabagismo. Ela ressaltou a importância de diferenciar apostas feitas on-line das presenciais, dado o impacto mais severo das plataformas virtuais.