Brasil tem mais pets do que crianças, diz Instituto Pet Brasil

Número de cães e gatos no país chega a 92 milhões, mais do que os 40 milhões de menores de 14 anos

Por Plox

08/10/2024 13h22 - Atualizado há 13 dias


No Brasil, a expressão "vida de cachorro" ganhou um novo significado. Em meio ao crescimento do mercado pet, cães e gatos têm acesso a tratamentos que antes eram exclusivos para humanos, como acupuntura, cromoterapia, banhos de ozônio, reiki e até yoga. Este fenômeno reflete uma tendência mundial de humanização dos animais de estimação, um comportamento cada vez mais comum entre os donos de pets no país.

"Todo o processo que um humano tem, hoje em dia temos para os doguinhos", afirma Eliane Rodrigues, proprietária do Starpet Dog Spa, um centro especializado em cuidados de beleza para cachorros localizado nos arredores de Brasília. Entre os serviços oferecidos estão cromoterapia, hidratação para o pelo, banhos com shampoo e condicionador, além de uma área destinada aos pets mais nervosos, chamada de "low stress".

A nova relação entre brasileiros e seus pets
O Brasil tem uma das maiores populações de animais de estimação do mundo, com cerca de 160 milhões de pets, sendo a maioria composta por cães (62 milhões) e gatos (30 milhões), segundo o Instituto Pet Brasil. Esse número supera, em larga escala, a quantidade de crianças menores de 14 anos no país, que gira em torno de 40 milhões. Com a queda da natalidade e o crescimento da classe média nos últimos 20 anos, os pets têm sido tratados como membros da família.

Silvana Matos, cliente de Eliane Rodrigues, reforça essa visão. Para ela, os animais de estimação são "mais do que um filho", destacando que, ao contrário de uma criança que eventualmente deixa o lar, "eles não, eles ficam". Matos é dona de dois cães da raça lulu da pomerânia, Bento e Fênix, que recebem tratamentos regulares no Starpet Dog Spa. O cachorro mais velho, Bento, teve sua alopécia tratada no local, o que solidificou a confiança de Matos nos serviços oferecidos.

Mercado pet em ascensão
O crescimento do setor pet no Brasil é impressionante. Em 2023, o mercado movimentou 68,7 bilhões de reais, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Esse setor engloba desde alimentação e cuidados básicos até tratamentos veterinários alternativos, como quiropraxia e acupuntura. O investimento mensal para manter um cachorro como Bento ou Fênix, segundo Eliane Rodrigues, varia entre 500 e 800 reais.

O amor pelos animais, segundo Matos, justifica os custos elevados. "O amor é outra coisa, é um amor de filho, e você gasta independente de ser caro ou não", explica a professora de matemática e corretora de imóveis.

 

Foto: Imagem: New África | Shutterstock

 

 

A busca por terapias alternativas
As terapias alternativas para animais têm se tornado cada vez mais populares no Brasil. Marco Barroso, um músico de 54 anos, recorreu à acupuntura para tratar seu cachorro Lino, que sofre de câncer em uma pata. Graças às sessões semanais, ele relata que seu "companheiro" voltou a andar. "Eu nunca cuidei de ninguém dessa forma", confessa Barroso.

Fernanda Rizzon, dona da Banho dos Gatos em Brasília, oferece serviços de tosa e terapias de reiki para felinos. Ela explica que o objetivo é proporcionar não só saúde física, mas também um equilíbrio comportamental e energético aos animais. A técnica de reiki, de origem japonesa, envolve a imposição de mãos sobre o corpo para transmitir "energia vital", aliviando o estresse ou outras doenças.

Serviços especializados para o conforto dos pets
Além dos tratamentos de saúde e bem-estar, o mercado pet também expandiu para o setor de serviços. Wallace Torres, um taxista do Rio de Janeiro, encontrou uma nova oportunidade no transporte de animais durante a pandemia. Atualmente, nove em cada dez de seus "passageiros" são cães que frequentam o hotel para animais Rio Pet. Ele comenta que, enquanto o movimento de táxis tradicionais caiu, o transporte de pets só aumentou. "O táxi caiu muito o movimento (...) [no] Pet o movimento só aumenta", comemora Torres.

O mercado pet brasileiro não mostra sinais de desaceleração, e a tendência de humanizar os animais de estimação continua a crescer, oferecendo tratamentos e serviços que, há alguns anos, seriam inimagináveis para os pets.

 

 

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