Restrição na merenda escolar impede repetição de frutas e lanches em escolas municipais de SP

Contrato com empresa de alimentação limita a quantidade de alimentos oferecidos a alunos em 190 escolas na região do Campo Limpo, provocando debate entre educadores e especialistas.

Por Plox

08/11/2024 12h44 - Atualizado há cerca de 1 mês

A gestão de merenda em escolas municipais de São Paulo, sob a responsabilidade da empresa Sepat Multi Service LTDA, passou a restringir a repetição de frutas e lanches oferecidos aos alunos da região do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista. 

Foto: Pixabay

A medida, em vigor desde o dia 1º deste mês, atende a um contrato de um ano firmado pela Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), que pagará à empresa cerca de R$ 12 milhões por mês para a prestação do serviço em 190 unidades educacionais.

O contrato inclui escolas de educação infantil (EMEI), fundamental (EMEF), educação especial (EMEBS), ensino de jovens e adultos (EJA) e Centros Educacionais Unificados (CEUs), que seguem um cardápio diário com lanche, refeição e sobremesa. A medição do valor pago à empresa é baseada no número de refeições servidas diariamente, reportadas pela direção de cada unidade à Diretoria Regional de Ensino (DRE) Campo Limpo.

Em registros diários, funcionários das escolas informaram que a empresa não permitiu a repetição de frutas, como melão, melancia e salada de frutas, servidas entre os dias 4 e 6 deste mês. A Sepat afirmou que segue orientações da prefeitura e sugeriu que a Secretaria Municipal de Educação fosse contatada. Em resposta, a Secretaria afirmou que as frutas devem estar disponíveis na quantidade desejada pelos alunos, conforme diretrizes da Divisão de Nutrição Escolar.

Quanto aos lanches, a prefeitura justificou a limitação a um por estudante para evitar a redução de apetite para as refeições principais, nutricionalmente mais completas. "A gestão está comprometida em garantir alimentação saudável para os alunos", informou a prefeitura.

A restrição, no entanto, gerou críticas. Uma professora do Campo Limpo relatou que muitos alunos chegam famintos e têm o lanche como primeira refeição do dia. A região está entre as de menores indicadores sociais da cidade, segundo o Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo, que avalia áreas como educação e saúde.

A nutricionista Sabrina Theil, da clínica Doutora Fit, comentou que a recomendação para limitar os lanches pode ser adequada, considerando as necessidades calóricas dos alunos, mas criticou a restrição à repetição de frutas. "Para crianças em insegurança alimentar, permitir repetir frutas pode ser uma forma de garantir a ingestão necessária de nutrientes", afirmou.

Os lanches, servidos antes das refeições principais, contêm arroz, leguminosas ou macarrão, proteínas (como carne, frango ou ovo), vegetais e frutas como sobremesa. A prefeitura destaca que, diariamente, são oferecidas cerca de 2,7 milhões de refeições nas escolas da rede municipal e que os investimentos em alimentação escolar aumentaram de R$ 184,2 milhões em 2021 para R$ 270,6 milhões no último ano.

A Sepat também firmou contrato com a DRE Santo Amaro, que entrará em vigor em dezembro, com previsão de custo anual de R$ 70 milhões. A cidade de São Paulo possui 13 Diretorias Regionais de Ensino, sendo a do Campo Limpo uma das que atende o maior número de alunos e conta com a maior estrutura de equipamentos públicos.

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