Há 30 anos, morria Tom Jobim, mas sua obra segue mais viva do que nunca
Três décadas após a morte do compositor, 30 músicas emblemáticas reafirmam a grandiosidade de sua obra no Brasil e no mundo
Por Plox
08/12/2024 11h10 - Atualizado há 3 dias
No dia 8 de dezembro de 1994, o Brasil se despedia de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o eterno Tom Jobim. Passados 30 anos, sua música permanece viva, sendo ouvida, reinterpretada e admirada por diferentes gerações. Falar de sua morte, para muitos, parece um contrassenso, já que sua obra segue mais presente do que nunca no imaginário popular e na cultura musical mundial.
Jobim, que nasceu em 25 de janeiro de 1927, deixou um legado que transcendeu as fronteiras brasileiras. O “maestro soberano”, como foi apelidado, é reverenciado globalmente como um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos pais da Bossa Nova. O título de "Tom do Brasil" não é um exagero, mas sim uma constatação da importância de sua obra, marcada por sofisticação e elegância inigualáveis.
O gênio por trás de 498 composições
O acervo musical deixado por Tom Jobim é impressionante: ao longo de sua carreira, ele compôs 498 canções. Cada uma delas carrega um traço de modernidade e sofisticação que o transformou em uma figura aclamada mundialmente. Diferente de muitos compositores da Bossa Nova, Jobim não se prendeu a um único estilo, explorando também o samba, o samba-canção e outros ritmos com uma sofisticação ímpar.
Ao lado de seu principal parceiro, Vinicius de Moraes, Tom Jobim criou algumas das canções mais icônicas da música brasileira, como "Chega de Saudade", "Garota de Ipanema" e "Águas de Março". Com Vinicius, ele transitou entre a leveza da Bossa Nova e o lirismo dramático das canções de amor, mas sempre com a elegância que se tornou sua marca registrada.
Um nome celebrado no Brasil e no mundo
Tom Jobim não foi apenas um fenômeno nacional. Sua obra ganhou o mundo, especialmente após o estrondoso sucesso de "Garota de Ipanema" em 1963. A canção, interpretada por João Gilberto e Astrud Gilberto, se tornou uma das músicas mais regravadas de todos os tempos e projetou a Bossa Nova internacionalmente.
A obra de Jobim não se limita à Bossa Nova. A complexidade de seus arranjos e a harmonia de suas composições fizeram dele uma referência na música clássica e no jazz. O compositor carioca sabia unir esses elementos de maneira única, criando um repertório atemporal.
30 músicas para celebrar a eternidade de Tom Jobim
Para marcar as três décadas de saudade, uma seleção de 30 canções emblemáticas foi organizada. Essas músicas são um retrato da grandiosidade de sua obra e poderiam ser ainda mais numerosas, já que cada uma das 498 canções de Jobim carrega uma marca de excelência.
Entre as ausências sentidas por muitos, estão "Amor em Paz" (1960), "Matita Perê" (1973), "Falando de Amor" (1979), "Tema de Amor de Gabriela" (1983) e "Anos Dourados" (1986). No entanto, a lista que segue é uma justa homenagem ao compositor, destacando canções que marcaram sua trajetória:
Lista das 30 músicas mais icônicas de Tom Jobim (em ordem cronológica)
- Se Todos Fossem Iguais a Você (1956) — Parceria com Vinicius de Moraes
- Por Causa de Você (1957) — Com Dolores Duran
- Chega de Saudade (1958) — Com Vinicius de Moraes
- Estrada do Sol (1958) — Com Vinicius de Moraes
- Eu Não Existo Sem Você (1958) — Com Vinicius de Moraes
- A Felicidade (1959) — Com Vinicius de Moraes
- Demais (1959) — Com Aloysio de Oliveira
- Desafinado (1959) — Com Newton Mendonça
- Dindi (1959) — Com Aloysio de Oliveira
- Meditação (1959) — Com Newton Mendonça
- Fotografia (1959) — Composição solo de Jobim
- Corcovado (1960) — Composição solo de Jobim
- Samba de Uma Nota Só (1960) — Com Newton Mendonça
- Água de Beber (1961) — Com Vinicius de Moraes
- Insensatez (1961) — Com Vinicius de Moraes
- Garota de Ipanema (1962) — Com Vinicius de Moraes
- Samba do Avião (1962) — Composição solo de Jobim
- Só Danço Samba (1962) — Com Vinicius de Moraes
- Derradeira Primavera (1963) — Com Vinicius de Moraes
- Ela é Carioca (1963) — Com Vinicius de Moraes
- O Morro Não Tem Vez (1963) — Com Vinicius de Moraes
- Wave (1967) — Composição solo de Jobim
- Retrato em Branco e Preto (1968) — Com Chico Buarque
- Sabiá (1968) — Com Chico Buarque
- Chovendo na Roseira (1971) — Composição solo de Jobim
- Águas de Março (1972) — Composição solo de Jobim
- Saudade do Brasil (1976) — Composição solo de Jobim
- Eu Te Amo (1980) — Com Chico Buarque
- Luiza (1981) — Composição solo de Jobim
- Falando de Amor (1979) — Composição solo de Jobim
Cada uma dessas canções reflete o talento e a genialidade de Jobim, seja pelo lirismo das letras, a complexidade dos arranjos ou a beleza das melodias. Sua obra não envelhece. Pelo contrário, permanece viva e encantando corações de diferentes gerações.
Um legado eterno
As canções de Tom Jobim continuam sendo regravadas por artistas de todo o mundo, de Frank Sinatra a Gal Costa, de João Gilberto a Caetano Veloso. Sua influência ultrapassou o campo da música e se espalhou para o cinema, a literatura e outras manifestações culturais.
Gal Costa, uma das intérpretes preferidas de Jobim, uma vez afirmou: "Não há uma música de Tom Jobim que seja ruim". A frase resume a essência de seu legado: não há nada que se perca, nada que seja descartável. Cada composição é uma obra-prima.
Assim, mesmo 30 anos após sua morte, Tom Jobim permanece mais vivo do que nunca. Ele não se foi. Ele está presente em cada acorde de "Wave", em cada verso de "Chega de Saudade", em cada melodia de "Águas de Março".
Sua música é atemporal e, por isso, será ouvida enquanto houver alguém disposto a ouvir o som de um piano, o ritmo de um samba e o sopro do vento nas praias do Rio de Janeiro.