Mãe denuncia troca de bebês em hospital e revela pressão para não expor o caso
Funcionário teria sugerido "levar para debaixo do pano"; hospital aguarda fim das investigações e Polícia Civil apura o caso.
Por Plox
08/12/2024 14h16 - Atualizado há 2 dias
Uma mãe de Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, relatou ter recebido orientação de um funcionário do Hospital da Mulher para não denunciar a troca de seu filho na maternidade. Segundo Yasmin Késsia da Silva, a recomendação foi feita após ela apresentar o resultado de um teste de DNA que comprovou que nem ela nem o ex-marido, Cláudio Alves, eram os pais biológicos do menino de 3 anos.
De acordo com Yasmin, o funcionário afirmou que, se ela não quisesse perder a guarda do filho, o melhor seria "levar para debaixo do pano" e não informar a outra família. "Eu disse: 'Não, eu não quero que tirem o meu filho de mim'. Ele falou: 'Neste caso, já que a senhora não quer que tomem o seu filho de você, o ideal é realmente levar para debaixo do pano, não comunicar a outra família e conviver com esta situação'", contou a mãe.
Troca dos bebês ocorreu em 2021
A troca dos bebês veio à tona três anos após o nascimento das crianças, que ocorreu em 15 de outubro de 2021. No mesmo dia, Yasmin e Isamara Cristina Mendanha deram à luz, ambas por cesariana, mas com equipes médicas diferentes. Um dos partos foi realizado às 7h35 e o outro às 7h49.
Yasmin relata que passou mal durante o parto e não se lembra de muita coisa até ser levada para o quarto, onde já encontrou o bebê ao seu lado. "Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances", disse ela.
Na época, por conta das restrições da pandemia de Covid-19, os pais não puderam acompanhar o nascimento das crianças. O advogado de Yasmin, Italo Camargo, apontou que há uma foto feita pela equipe médica que mostra o filho biológico de Yasmin ainda com uma pulseira de identificação no braço esquerdo, antes de ser trocado.
Descoberta do erro e impacto nas famílias
A descoberta da troca dos bebês ocorreu após a separação de Yasmin e Cláudio Alves, que foram casados por cinco anos. Após o término, Cláudio passou a desconfiar da paternidade ao perceber a falta de semelhança física entre ele e o menino. Inicialmente, Yasmin resistiu, mas acabou concordando em fazer o teste de DNA.
Para a surpresa do casal, o resultado revelou que a criança não era filha biológica de nenhum dos dois. O exame foi repetido e a contraprova confirmou o erro. "Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova. Eu estava esperançosa que ia dar tudo certo, que ele era meu. Aí a gente pegou o laudo e viu que ele não era nosso", desabafou Yasmin.
Após a descoberta, Yasmin recordou que havia visto outra família no hospital no mesmo dia do parto e sabia que Guilherme, pai do outro bebê, era professor e frequentador de uma igreja na cidade. Para tentar resolver a situação, Yasmin procurou o pastor dessa igreja e relatou o ocorrido. Foi ele quem entrou em contato com a família de Guilherme e Isamara Cristina Mendanha.
Famílias querem união
Isamara Cristina revelou que cuidou do bebê trocado durante três anos e disse estar disposta a manter a aproximação entre as duas famílias. "Nós queremos aproximação e, a partir desse momento, ser uma grande família", afirmou. Ela e o marido, Guilherme, também tiveram outro filho biológico após o nascimento do menino que foi trocado.
Investigação policial em andamento
A Polícia Civil de Goiás informou que está investigando o caso por meio da Delegacia de Inhumas. A corporação apura a possível prática de crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata sobre a identificação correta de recém-nascidos e parturientes no momento do parto.
De acordo com a nota da Polícia Civil, o inquérito policial segue em andamento e os envolvidos já foram ouvidos. As autoridades buscam esclarecer a dinâmica do ocorrido e identificar os responsáveis.
Nota do hospital
O Hospital da Mulher informou que não se pronunciará até a conclusão das investigações. De acordo com a instituição, o caso tramita em sigilo devido à proteção de menores de idade e à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).