Saúde

ANS inclui primeira cirurgia robótica em cobertura obrigatória dos planos de saúde

Prostatectomia radical robótica para câncer de próstata passa a ter cobertura obrigatória a partir de abril de 2026; técnica promete maior precisão, menos sangramento e recuperação mais rápida, mas acesso ainda é concentrado no Sul e Sudeste

08/12/2025 às 09:20 por Redação Plox

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovou a inclusão da prostatectomia radical assistida por robô no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Trata-se da primeira cirurgia robótica com cobertura obrigatória pelos planos de saúde no Brasil, marco para a saúde suplementar do país.

Procedimento cirúrgico assistido por robô

Procedimento cirúrgico assistido por robô

Foto: Foto: BBC / REPRODUÇÃO


O procedimento, indicado para a remoção completa da próstata e considerado o principal tratamento para o câncer de próstata localizado ou localmente avançado, passará a ser ofertado pelos planos a partir de abril de 2026. No SUS (Sistema Único de Saúde), essa tecnologia já havia sido aprovada em agosto deste ano.

Marco para a modernização da saúde suplementar

Segundo a ANS, a decisão integra o esforço de modernização da saúde suplementar, ao ampliar o acesso a tecnologias capazes de oferecer melhores resultados clínicos e mais qualidade de vida para os pacientes.

A diretoria da agência destaca que a efetividade da medida dependerá de uma implementação estruturada, que assegure segurança, qualidade assistencial e condições adequadas de oferta aos beneficiários dos planos de saúde.

Tecnologia robótica e benefícios para o paciente

Considerada o método cirúrgico mais avançado para o tratamento do câncer de próstata, a prostatectomia robótica permite maior precisão durante todo o procedimento. A técnica reduz sangramentos, encurta o tempo de internação e melhora os resultados funcionais quando comparada às cirurgias tradicionais.

A recomendação positiva da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) para o SUS levou em conta o avanço das evidências científicas e a infraestrutura já disponível na rede pública, que hoje conta com 40 plataformas robóticas em operação. Pela legislação, após a incorporação de uma tecnologia pelo SUS, a ANS deve incluí-la também na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde.

Um dos principais desafios para a expansão da cirurgia robótica no Brasil é a interiorização do acesso. Atualmente, a maior parte dos equipamentos está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. A expectativa é que a inclusão no rol da ANS estimule novos investimentos do setor privado, ampliando a capacidade instalada no país.

Evolução da tecnologia robótica no Brasil e no mundo

A cirurgia robótica para o tratamento do câncer de próstata foi aprovada pelo FDA, nos Estados Unidos, e por órgãos reguladores europeus entre 2003 e 2004. No Brasil, o primeiro sistema robótico recebeu aval da Anvisa em 2008 e passou a ser utilizado inicialmente em hospitais privados.

Perfil dos pacientes e desafios no combate ao câncer de próstata

O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente em homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Até o fim de 2025, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que mais de 71,7 mil brasileiros recebam diagnóstico da doença.

O avanço da idade segue como o principal fator de risco. A maioria dos casos ocorre após os 60 anos, fase em que a atenção à própria saúde costuma diminuir por barreiras culturais, falta de informação ou dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

Especialistas apontam que o grande desafio é alinhar conscientização, redução de estigmas e ampliação do acesso a exames de rotina. Campanhas públicas e programas de rastreamento têm progredido, mas ainda enfrentam dificuldades para alcançar segmentos mais vulneráveis da população masculina.

A expectativa é que, com diagnóstico cada vez mais precoce, maior adesão aos cuidados preventivos e expansão do acesso a tecnologias como a cirurgia robótica, o país consiga reduzir de forma consistente a mortalidade por câncer de próstata nos próximos anos.

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