Política

Flávio Bolsonaro fala em 'preço' para deixar disputa presidencial e reforça defesa de anistia a Jair Bolsonaro

Em culto em Brasília, senador condiciona desistência da pré-candidatura em 2026, critica decisão de Gilmar Mendes sobre impeachment de ministros do STF e fortalece laços com setor evangélico em meio à disputa interna no bolsonarismo

08/12/2025 às 08:40 por Redação Plox

BRASÍLIA – Dois dias depois de se lançar como pré-candidato à Presidência em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu a possibilidade de abrir mão da disputa. Em entrevista neste domingo (7), após participar de um culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília (DF), o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter “um preço” para da pré-candidatura.


Sem detalhar qual seria essa contrapartida, Flávio disse que pretende revelar o valor político de sua retirada apenas nesta segunda-feira (8/12), mantendo em aberto o desfecho de sua movimentação eleitoral.

Senador fala em “preço” para deixar corrida presidencial

Ao ser questionado sobre sua permanência na disputa, o senador indicou que não descarta recuar. Ele afirmou que há condições para que isso aconteça e reforçou que pretende “negociar” sua posição no tabuleiro eleitoral. O conteúdo exato desse “preço” não foi revelado, o que deixa em suspenso quais interesses estão em jogo.


Flávio aposta na curiosidade sobre o que estaria em troca de sua desistência e estimula a especulação em torno de sua estratégia, vinculando sua decisão a um cenário político mais amplo e às disputas que envolvem o futuro do bolsonarismo.


Pré-candidato à Presidência, Flávio falou com a imprensa neste domingo (7), em Brasília, logo depois de participar de um culto na Igreja Comunidade das Nações

Pré-candidato à Presidência, Flávio falou com a imprensa neste domingo (7), em Brasília, logo depois de participar de um culto na Igreja Comunidade das Nações

Foto: Reprodução / Agência Brasil.


Anistia a Jair Bolsonaro entra no radar, mas sem confirmação

Diante da pergunta se a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado, seria o “preço” para que ele deixe a pré-candidatura, o senador evitou confirmar. Ele indicou que não se trata apenas desse ponto e reagiu com ironias, dizendo que o tema estaria “esquentando”.


Mesmo sem assumir a anistia como condição direta, Flávio voltou a defender que o assunto seja levado ao plenário do Congresso Nacional já na próxima semana. Ele cobrou que as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado pautem a discussão e permitam que o tema seja decidido no voto.

Críticas à decisão de Gilmar Mendes sobre impeachment

Na entrevista, o senador também comentou a decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que restringiu à Procuradoria-Geral da República (PGR) a iniciativa de propor pedidos de impeachment de ministros da Corte.


Na avaliação de Flávio, a medida tem efeito de blindagem e aumenta a exposição do Senado em relação ao STF, ainda que ele tenha afirmado não querer estimular conflitos institucionais. Ele reforçou o desconforto com o alcance da decisão e com os efeitos sobre o equilíbrio entre os Poderes.

Gesto a Tarcísio e recado sobre 2026 em São Paulo

Após falar sobre o “preço” da própria candidatura, Flávio fez um gesto público ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), citado como um dos principais nomes para herdar o capital eleitoral de Jair Bolsonaro. Questionado sobre a reação do governador à sua entrada na disputa presidencial, o senador o elogiou e descreveu a conversa entre os dois como franca e aberta.


Flávio também sinalizou que enxerga Tarcísio como candidato à reeleição ao governo paulista em 2026. Ele projetou que a direita deve ampliar a vantagem de votos em São Paulo em relação à esquerda, tomando como referência o desempenho de 2022, e indicou que a eleição no estado será um pilar estratégico para o campo bolsonarista.

Culto evangélico marca primeiro ato como pré-candidato

As declarações deste domingo foram dadas após o primeiro ato público de Flávio como pré-candidato à Presidência: um culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília. A denominação é presidida pelo bispo J.B. Carvalho, autor do best-seller “Metanoia: a chave está em sua mente”, livro que o senador entregou ao pai na carceragem da Polícia Federal (PF) três dias depois da prisão do ex-presidente.


Há cinco anos, quando Jair Bolsonaro ocupava a Presidência da República, J.B. Carvalho participou de uma solenidade no Palácio do Planalto ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e de ministros, em celebração do Dia de Ação de Graças. Na ocasião, o bispo abriu a cerimônia com uma oração, reforçando a aproximação do grupo com setores evangélicos.

Disputa pelo espólio político de Bolsonaro

A pré-candidatura de Flávio surge em meio a uma disputa interna pela liderança do campo bolsonarista. Filhos de Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro travam uma disputa silenciosa, porém crescente, pela tutela do espólio eleitoral do ex-presidente.


No domingo anterior (30/11), Michelle criticou publicamente uma articulação feita por Jair Bolsonaro para aproximar o PL da pré-candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará. O episódio expôs tensões dentro do grupo e adicionou um novo componente à disputa por espaço e protagonismo na sucessão de 2026.

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