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Saúde
Microplásticos podem contribuir para Alzheimer, Parkinson e outras lesões cerebrais, aponta estudo
Revisão de universidades da Austrália e dos EUA descreve cinco formas pelas quais partículas de plástico no organismo afetam o cérebro e podem piorar quadros como Alzheimer e Parkinson
08/12/2025 às 07:07por Redação Plox
08/12/2025 às 07:07
— por Redação Plox
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Um estudo publicado na revista Molecular and Cellular Biochemistry identificou cinco mecanismos pelos quais os microplásticos podem prejudicar o cérebro humano e potencialmente ampliar o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), em parceria com a Universidade de Auburn, nos Estados Unidos.
Grande parte dos microplásticos não pode ser vista a olho nu
Foto: Projeto MicroMar/Arquivo pessoal
As conclusões reforçam um alerta que vem ganhando força na comunidade científica: além de poluir oceanos e contaminar alimentos, os microplásticos conseguem entrar no organismo, alcançar órgãos profundos — incluindo o cérebro — e desencadear processos inflamatórios que podem acelerar doenças já em expansão no mundo. Mais de 57 milhões de pessoas vivem hoje com demência, e as projeções indicam crescimento nas próximas décadas.
Consumo anual pode chegar a 250 g de microplásticos
De acordo com o professor associado Kamal Dua, da UTS, um adulto pode ingerir cerca de 250 gramas de microplásticos por ano, quantidade equivalente a “um prato cheio”. Essas partículas chegam ao corpo por diversas rotas do dia a dia.
Entre as principais fontes estão:
• frutos do mar contaminados;
• sal de cozinha;
• alimentos processados;
• saquinhos de chá;
• tábuas de corte de plástico;
• bebidas engarrafadas;
• roupas e carpetes sintéticos, que liberam fibras;
• poeira doméstica.
Embora parte do material seja eliminada pelo organismo, estudos indicam que microplásticos podem se acumular em tecidos, inclusive no cérebro, o que aumenta a preocupação com efeitos de longo prazo.
Cinco mecanismos de dano ao cérebro
A revisão sistemática mapeou cinco vias principais pelas quais os microplásticos agridem células cerebrais e podem contribuir para processos neurodegenerativos.
1. Ativação exagerada do sistema imune do cérebro
As partículas são reconhecidas como “invasores”, acionando células de defesa que, ao tentar destruí-las, geram inflamação e acabam provocando dano aos tecidos nervosos.
2. Estresse oxidativo intenso
Os microplásticos aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio — moléculas tóxicas — e enfraquecem os sistemas antioxidantes naturais. Esse desequilíbrio leva a lesões celulares e pode acelerar quadros neurodegenerativos.
3. Ruptura da barreira hematoencefálica
Essa barreira funciona como um filtro de segurança do cérebro. A pesquisa mostra que microplásticos podem enfraquecer sua estrutura, tornando-a mais permeável e permitindo a passagem de toxinas e moléculas inflamatórias para o sistema nervoso central.
4. Prejuízo às mitocôndrias
As partículas interferem na produção de ATP, molécula responsável por fornecer energia às células. Com menos energia disponível, neurônios perdem funcionalidade e se tornam mais suscetíveis à morte.
5. Danos diretos aos neurônios
A combinação desses mecanismos resulta em agressão direta às células nervosas, contribuindo para sua degeneração.
Possível ligação com Alzheimer e Parkinson
O estudo descreve rotas específicas pelas quais os microplásticos podem agravar ou acelerar doenças neurodegenerativas já conhecidas.
No caso do Alzheimer, as evidências apontam para aumento do acúmulo de beta-amiloide e tau, proteínas tóxicas associadas à formação de placas e emaranhados característicos da doença.
Em relação ao Parkinson, os microplásticos parecem estimular a agregação de α-sinucleína, proteína que danifica neurônios dopaminérgicos, fundamentais para o controle de movimentos.
Os pesquisadores destacam que ainda não há prova direta de que os microplásticos causem essas doenças, mas há fortes indícios de que podem agravar quadros já existentes e acelerar sua progressão.
Microplásticos estão no ar, nos alimentos e até no cérebro
A maior parte dos microplásticos é invisível a olho nu, o que torna a exposição ainda mais difícil de controlar. Estudos recentes têm ampliado o foco para além da ingestão pela alimentação, investigando a inalação de partículas presentes no ar e na poeira doméstica.
O primeiro autor do estudo, Alexander Chi Wang Siu, investiga, em laboratório na Universidade de Auburn, como microplásticos alteram a função de células cerebrais. Em paralelo, o pesquisador Keshav Raj Paudel, na UTS, estuda de que forma essas partículas são inaladas e se depositam nos pulmões, apontando outra rota relevante de exposição.
Medidas práticas para reduzir a exposição
Apesar das incertezas que ainda cercam os riscos exatos à saúde humana, os autores defendem a adoção imediata de medidas de prevenção, com mudanças de hábitos que reduzam o contato cotidiano com plásticos.
Entre as recomendações estão:
• evitar tábuas e recipientes de plástico;
• reduzir o consumo de alimentos processados;
• dar preferência a roupas de fibras naturais;
• evitar o uso de secadora de roupas, que libera microfibras;
• priorizar garrafas e embalagens reutilizáveis de vidro ou metal.
Precisamos mudar nossos hábitos e usar menos plástico — Paudel
Pressão por mudanças em políticas públicas
Os autores esperam que os resultados contribuam para orientar políticas ambientais e de saúde pública. Na avaliação dos pesquisadores, é necessário atacar a questão dos microplásticos em várias frentes.
Entre as possíveis ações estão a redução da produção de plástico, melhorias na gestão de resíduos, regulamentação mais rígida sobre a presença de microplásticos em alimentos e embalagens e o desenvolvimento de estratégias específicas de proteção à saúde.
Os microplásticos são um poluente onipresente. Entender seu impacto no cérebro é crucial para proteger a saúde das próximas gerações — Dua
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