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Mãe de mulher atropelada e arrastada no Tietê desabafa: 'ela vai ser feliz de novo'

Em coma induzido após ter as duas pernas amputadas e passar por cirurgias, Tainara Souza Santos, 31, foi atropelada e arrastada por cerca de 1 km por um ex-namorado na zona norte de São Paulo, em crime registrado por câmeras e testemunhas; caso ocorre em meio à alta de feminicídios na capital

08/12/2025 às 08:49 por Redação Plox

A família de Tainara Souza Santos, 31, atropelada e arrastada por cerca de 1 km na zona norte de São Paulo por um ex-namorado, mantém a esperança de que ela se recupere e volte a ter uma vida plena, cercada pelo apoio de parentes e amigos.

Lúcia Aparecida Souza da Silva, mãe de Tainara

Lúcia Aparecida Souza da Silva, mãe de Tainara

Foto: Reprodução / TV Globo.


A vítima, mãe de dois filhos, teve as duas pernas amputadas e está em coma induzido há mais de uma semana. Recentemente, passou por uma cirurgia para colocação de pinos no quadril e de uma sonda para alimentação.


“Ela vai ser feliz de novo”, afirmou a mãe de Tainara, Lúcia Aparecida Souza da Silva, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo. Segundo ela, a filha contará com uma rede de afeto formada por familiares e amigas, além de outras pessoas próximas.


Lúcia também fez um apelo pelo fim da violência contra mulheres. Emocionada, lembrou os momentos em que ensinou a filha a dar os primeiros passos ainda bebê e declarou que, diante das sequelas do crime, assumirá o papel de sustentação na nova fase da vida de Tainara.

Atropelamento e arrasto por 1 km na zona norte

O crime ocorreu na manhã de 29 de dezembro, no Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo. De acordo com a investigação, Douglas Alves da Silva, 26, atropelou Tainara com um Golf preto em uma avenida que dá acesso à marginal Tietê e seguiu dirigindo mesmo com o corpo dela preso ao veículo.

Câmeras de segurança registraram o atropelamento, e motoristas que passavam pela região filmaram o carro arrastando o corpo da vítima por um trecho da marginal Tietê.


Após o crime, policiais militares usaram imagens de câmeras de segurança e dados de radares da região para tentar identificar o suspeito. Eles chegaram a ir até um endereço associado a Douglas, mas ele não foi encontrado naquele momento.


Conforme o boletim de ocorrência, o atropelamento aconteceu próximo a um bar, diante de várias testemunhas. Um funcionário do estabelecimento relatou à polícia que o motorista teria agido de forma intencional, atropelando e passando por cima de Tainara. Quando a vítima já estava sob o carro, ele ainda teria puxado o freio de mão e feito movimentos bruscos com o veículo.


Familiares de Tainara e um advogado da família afirmaram que os dois tiveram um breve relacionamento, encerrado por iniciativa dela.

Versões em conflito sobre o relacionamento

A defesa de Douglas, representada pelo advogado Marcos Leal, sustenta que ele não tinha a intenção de atropelar Tainara, mas sim um homem que caminhava ao lado dela na saída do bar. Alega ainda que o motorista não conhecia a vítima e que nunca se relacionou com ela, o que contraria o relato da família de Tainara e de um amigo de Douglas que estava no carro no momento do atropelamento.


Esse passageiro afirmou que Douglas ficou furioso ao chegar ao bar e ver Tainara acompanhada de outro homem, e disse que ele teve a intenção de atropelá-la. O motorista foi preso no dia seguinte ao crime.

Feminicídios em alta na capital paulista

O caso ocorre em um cenário de avanço dos feminicídios na cidade de São Paulo. Em 2025, foram registrados 53 casos, o maior número da série histórica, mesmo com dois meses ainda restantes para o fim do ano. Em 2024, haviam sido 51 feminicídios de janeiro a dezembro, até então o maior patamar já registrado.


Levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que a capital paulista concentrou um em cada quatro feminicídios consumados no estado. Comparando os dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período de 2024, houve aumento de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento chegou a 71%.


Os dados indicam a continuidade de um quadro estrutural de violência contra a mulher: em 67% dos casos, o crime ocorre dentro de casa, e a maioria das vítimas é morta com armas brancas ou objetos contundentes, instrumentos usados em mais da metade dos feminicídios no estado.

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