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Polícia Civil faz operação em 7 estados contra grupo que vendia remédio abortivo pela internet

Ação busca desarticular organização criminosa suspeita de comercializar misoprostol e oferecer assessoria remota para abortos, após caso de mulher que passou mal em Guaíba ao usar medicamento comprado online

08/12/2025 às 10:41 por Redação Plox

A Polícia Civil deflagrou, nesta segunda-feira (8), uma operação em cidades de sete estados contra suspeitos de traficar medicamentos usados para aborto e vender, pela internet, suposta “assessoria técnica” para a realização do procedimento. Os alvos atuariam em grupos criados em redes sociais, onde ofereciam tanto os remédios quanto orientações às mulheres.

As investigações começaram após uma mulher de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, passar mal depois de ingerir o medicamento e sofrer um aborto em um hospital do município.


Polícia mira suspeitos de tráfico de medicamentos e venda de ‘assessoria’ para abortos em grupos na internet

Polícia mira suspeitos de tráfico de medicamentos e venda de ‘assessoria’ para abortos em grupos na internet

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Operação em sete estados mira organização criminosa

De acordo com a Polícia Civil, a atuação da organização criminosa é voltada ao tráfico de diferentes medicamentos controlados, com ênfase no Cytotec (Misoprostol), substância de uso restrito que vem sendo utilizada ilegalmente para a prática de aborto.

Além da venda do remédio, o grupo também ofereceria um tipo de “assessoramento técnico”, com orientações e suporte às usuárias sobre a forma de administração do fármaco durante o procedimento abortivo.

As ações da polícia do Rio Grande do Sul ocorrem nos seguintes locais:

Paraíba: João Pessoa
Goiás: Goiânia e Valparaíso
Rio de Janeiro: Nova Iguaçu
Espírito Santo: Aracruz
Bahia: Irecê e Itaguaçu
Minas Gerais: Santos Dumont
Brasília: Distrito Federal

Conforme a delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, mais de 250 mulheres integravam o grupo nas redes sociais, o que indica potencial de lucro expressivo para os investigados.

Atendimento hospitalar expôs início do esquema

O caso que deu origem à investigação ocorreu em abril deste ano, quando uma mulher de Guaíba procurou atendimento em um hospital após passar mal e acabou sofrendo um aborto. Diante do quadro clínico, a equipe médica suspeitou do uso de medicamento e acionou a Polícia Civil, que passou a apurar o caso.

Em depoimento, a mulher relatou ter ingerido misoprostol, adquirido pela internet, e ter contratado um serviço de “assessoramento técnico” para realizar o aborto de forma remota. Segundo ela, a pessoa responsável pelas orientações deixou de responder às mensagens durante o processo, e, diante das dores intensas, ela decidiu buscar ajuda médica.

A vítima contou ainda que, ao descobrir a gravidez indesejada, começou a pesquisar na internet e foi abordada por alguém que dizia conhecer “profissionais” capazes de ajudá-la a interromper a gestação com segurança.

A partir de um número de telefone repassado, a mulher entrou em contato com uma pessoa que afirmava trabalhar “ajudando mulheres a interromper gestações indesejadas”. Essa pessoa teria apresentado uma tabela de preços do medicamento e repassado instruções de uso. Após efetuar os pagamentos, a mulher foi incluída em um grupo de WhatsApp, onde outras mulheres compartilhavam relatos sobre o procedimento.

Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram materiais apreendidos e conversas em aplicativos de mensagem que teriam sido usadas para oferecer os remédios e a suposta consultoria.


Suspeitos de comercializar medicamentos e oferecer serviços de ‘assessoria’ para abortos em grupos na internet são alvo de operação policial

Suspeitos de comercializar medicamentos e oferecer serviços de ‘assessoria’ para abortos em grupos na internet são alvo de operação policial

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Administradores controlavam vendas e orientações

Durante a investigação, a Polícia Civil identificou os administradores do grupo nas redes sociais. Eram eles que controlavam a venda do Cytotec e o acompanhamento remoto dos procedimentos abortivos. Os suspeitos vivem na Paraíba, em Goiás, na Bahia, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal.

Agora, os investigadores buscam detalhar a função de cada um no esquema, mapear o fluxo de atuação da organização e descobrir a origem dos medicamentos, já que se trata de droga de uso controlado, autorizada apenas em ambiente hospitalar e com comercialização proibida em farmácias e estabelecimentos similares.

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