Polícia

Prefeitura de SP aciona Interpol para tentar barrar saída do país de gravuras roubadas da Biblioteca Mário de Andrade

Obras de Henri Matisse e Candido Portinari foram levadas após vigilante e casal de idosos serem rendidos; imagens mostram dupla fugindo com gravuras em van azul, e caso entra em banco internacional de arte roubada

08/12/2025 às 11:17 por Redação Plox

A Prefeitura de São Paulo acionou a Interpol, por meio da Polícia Federal, para tentar impedir que as obras roubadas da Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da capital, sejam levadas para fora do país. O crime ocorreu na manhã de domingo (7) e envolveu gravuras dos artistas Henri Matisse e Candido Portinari.


De acordo com a administração municipal, as obras faziam parte da exposição "Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade". Os criminosos levaram oito gravuras de Matisse e cinco de Portinari, da série “Menino de Engenho”.


A organização internacional administra um banco de dados de obras de arte roubadas, com descrições e imagens de aproximadamente 57 mil peças

A organização internacional administra um banco de dados de obras de arte roubadas, com descrições e imagens de aproximadamente 57 mil peças

Foto: Reprodução / Redes sociais.


Interpol aciona banco de dados internacional

A Interpol mantém um banco de dados internacional com descrições e imagens de cerca de 57 mil obras de arte roubadas ou desaparecidas, reconhecido como o único no mundo com informações certificadas por autoridades policiais.


A organização também desenvolveu o aplicativo “ID-Art”, usado na identificação de bens culturais subtraídos, no combate ao tráfico ilícito e na recuperação de itens roubados. O app é gratuito e pode ser baixado no site da Interpol.

Ladrões são identificados por câmeras

Segundo a polícia, os dois criminosos que invadiram a biblioteca já foram identificados com a ajuda de câmeras de vigilância. As imagens mostram a dupla circulando com as obras roubadas na manhã de domingo (7), mas os nomes dos suspeitos não foram divulgados.


Vídeos do sistema SmartSampa registram os homens caminhando pela Rua João Adolfo carregando parte das obras. Em um dos trechos, uma van azul estaciona às 10h43; dois homens descem do veículo e seguem pela calçada na mesma direção. Um minuto depois, retornam para a van: um deles, de camiseta clara, retira duas telas do interior do veículo e segue com elas pela calçada, enquanto o outro aparece com um papel nas mãos.


Em outro ângulo, o homem de camiseta clara é visto deixando três telas encostadas no muro de uma calçada no cruzamento da Rua João Adolfo com a Rua Alfredo Gagliotti. Em seguida, ele corre e atravessa a rua. Ainda não se sabe se outra pessoa recolheu as obras ou se os próprios ladrões voltaram para buscá-las. Até a última atualização, as peças continuavam desaparecidas.

Como foi o roubo na Biblioteca Mário de Andrade

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que dois homens renderam uma vigilante e um casal de idosos que visitava a exposição. Em seguida, seguiram até a cúpula de vidro, onde colocaram documentos e oito quadros em uma sacola de lona, fugindo pela saída principal da biblioteca.


Ainda conforme a pasta, vigilantes correram para pedir apoio a policiais militares que patrulhavam a região, mas os suspeitos não foram encontrados. O caso foi registrado no 2º DP (Bom Retiro) e será investigado pela 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).

Obras levadas: Matisse e Portinari

Candido Portinari é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros e um dos artistas nacionais de maior projeção internacional. Em 2007, quadros de sua autoria, como “O lavrador de café”, foram levados do Masp por criminosos.


Henri Matisse foi pintor, escultor, desenhista e gravurista, reconhecido como um dos maiores nomes da arte moderna e associado ao Fauvismo, movimento marcado pelo uso de cores vibrantes e expressivas. Ao longo da carreira, Matisse desenvolveu estilos distintos, que revolucionaram a linguagem visual de sua época.


Na Biblioteca Mário de Andrade, as obras roubadas de Matisse pertenciam ao conjunto de ilustrações do livro raro “Jazz”. A exposição apresentava 20 pranchas impressas, e, pela disposição das peças nas imagens divulgadas, os ladrões levaram justamente os oito trabalhos posicionados no canto esquerdo de uma das fotos publicadas.


Entre as gravuras de Matisse levadas estão:

O palhaço (Le clown);
O circo (Le cirque);
Senhor leal (Monsieur loyal);
O pesadelo do elefante branco (Cauchemar de l'Eléphant Blanc);
Os Codomas (Le Codomas);
O nadador no aquário (La nageuse dans l'aquarium);
O engolidor de palavras (L'avaleur de sabres);
O cowboy (Le Cowboy).

As ilustrações de Candido Portinari levadas pertencem à obra “Menino de Engenho” e foram exibidas na exposição ao lado das pranchas de Matisse.

Biblioteca completa 100 anos

Mantida pela gestão municipal, a Biblioteca Mário de Andrade é a segunda maior do país e a maior biblioteca pública da cidade de São Paulo. Em fevereiro, a instituição completou 100 anos e, no ano passado, recebeu mais de 207 mil visitantes.


Fundada como biblioteca municipal, a instituição passou a se chamar Biblioteca Mário de Andrade em 1960, em homenagem ao escritor modernista. Hoje, além do acervo bibliográfico, o espaço abriga exposições, atividades culturais e eventos, reforçando seu papel como importante centro de referência cultural da cidade.

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