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Educação
Escolas vivem primeiro ano letivo com proibição total de celulares em sala
Sob novas leis estadual e federal, redes pública e privada relatam melhora na socialização, na aprendizagem e queda em casos de cyberbullying, apesar de uso clandestino e resistência de adolescentes
08/12/2025 às 09:10por Redação Plox
08/12/2025 às 09:10
— por Redação Plox
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O ano letivo de 2025 chega ao fim nas redes pública e privada de ensino de São Paulo com um marco inédito: pela primeira vez, crianças e adolescentes passaram o ano inteiro proibidos de usar celular dentro das escolas.
A mudança, determinada pela lei estadual nº 18.058, de 2024, e pela lei federal nº 15.100, de 2025, entrou em vigor no início do ano e exigiu uma reorganização da rotina de estudantes, professores e gestores. Colégios precisaram criar regras internas para fiscalizar o cumprimento da norma, enfrentar resistências e, ao mesmo tempo, reorganizar a vida escolar sem telas.
Na avaliação de profissionais da educação ouvidos ao longo do ano, a proibição trouxe resultados visíveis em boa parte das escolas, com impacto direto na socialização e na aprendizagem. Também houve relatos de queda nos casos de cyberbullying.
Professores e estudantes avaliam o primeiro ano de proibição de celulares nas escolas de São Paulo e apontam mudanças e desafios
Foto: Reprodução / Agência Brasil.
Disciplina reforçada e menos conflitos digitais
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Meire de Jesus Ribeiro, na Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista, a recepção à novidade variou conforme a idade: os alunos mais novos aceitaram melhor a regra do que os mais velhos.
A direção implantou um protocolo rígido. Sempre que um estudante é flagrado com o celular, é encaminhado à diretoria, e o aparelho só é devolvido na presença de um responsável. Segundo a equipe, já houve episódios de resistência, com aluno se recusando a entregar o telefone, o que exigiu contato direto com a família e reforço da autoridade da escola.
O apoio dos pais é apontado como peça-chave para o funcionamento da medida. Ao mesmo tempo, há relatos de que as próprias crianças e adolescentes passaram a cobrar o cumprimento da regra, inclusive entre adultos, avisando quando percebem algum professor usando o aparelho em momentos indevidos.
Na visão da coordenação pedagógica da unidade, um dos ganhos mais claros desde o início da restrição foi a redução do cyberbullying — agressões no ambiente digital, como redes sociais e plataformas de jogos. Antes, era comum que alunos tirassem fotos de colegas sem autorização e publicassem o conteúdo nas redes, muitas vezes de forma distorcida, alimentando humilhações e conflitos.
Escolas privadas relatam adaptação após fase turbulenta
Entre as escolas particulares, o balanço do primeiro ano também é majoritariamente positivo. Representantes do setor relatam que, assim como na rede pública, a proibição ajudou a reduzir episódios de violência virtual entre os estudantes.
Ao longo de 2025, unidades privadas registraram um início mais tenso, com casos de ansiedade e até agressividade por parte de alunos incomodados com a retirada abrupta dos aparelhos da rotina escolar. Aos poucos, porém, direções e equipes pedagógicas relatam uma adaptação maior às novas regras.
Nesse processo, as escolas intensificaram debates sobre a dependência do celular e a nomofobia — transtorno caracterizado pelo medo irracional de ficar sem o aparelho, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde. As discussões passaram a envolver tanto estudantes quanto famílias, em reuniões, encontros e atividades específicas.
Rotina reinventada no recreio
No Colégio Dante Alighieri, no Jardim Paulista, região central da cidade, as restrições ao celular começaram antes mesmo da lei. Desde setembro de 2024, o uso do aparelho já era vetado nos intervalos, o que levou a escola a repensar a dinâmica do recreio.
Para ocupar o espaço deixado pelas telas, a instituição investiu em jogos de tabuleiro, instrumentos musicais e atividades esportivas. A aposta foi resgatar formas de interação presencial entre os estudantes e criar oportunidades para conversas, brincadeiras e convivência sem intermediação digital.
Há uma dor para fazer esse desapego. Com certeza, todo adicto sofre para poder deixar esse vício. Nós entendemos isso e fizemos rodas de conversa com os alunos
Valdenice Minatel
Segundo a direção, a experiência ajudou a reconstruir uma ideia de recreio que vinha se tornando “saudosista”, mas que agora volta a ser realidade, com alunos circulando, conversando e criando vínculos fora das telas.
Uso escondido e desafios da fiscalização
Mesmo com a proibição formal, o uso clandestino de celulares ainda é uma realidade em algumas escolas. Na Emef Meire de Jesus Ribeiro, por exemplo, alunos relatam que colegas continuam levando os aparelhos e usando em locais como banheiros e até dentro da sala de aula, escondendo o telefone quando percebem a aproximação da professora.
A escola registra, em média, de dois a três casos por dia de estudantes flagrados com celular. O relato dos estudantes é de que parte dos colegas se considera “viciada” no aparelho, o que dificulta o cumprimento integral da norma.
O que dizem as leis sobre o uso de celulares
As normas que vetam o uso de celulares nas escolas estabelecem que alunos não podem utilizar telefones e outros dispositivos eletrônicos em sala de aula ou durante o recreio. Há exceções para atividades pedagógicas, quando o uso do aparelho estiver integrado a propostas da escola.
Também é permitido o uso em situações de acessibilidade, inclusão e para atendimento a condições de saúde específicas. A legislação estadual determina ainda que as escolas criem mecanismos para guardar os aparelhos longe das crianças, nos casos em que os estudantes levam o celular, mas não podem utilizá-lo durante o período de aula.
Na Etec Takashi Morita, em Santo Amaro, na zona sul da capital, onde estudam apenas alunos do ensino médio, há quem continue levando o telefone normalmente. Parte dos estudantes ouvidos relata dificuldade maior em ficar sem o aparelho, sobretudo entre os mais velhos, acostumados a usar o celular durante toda a rotina.
Entre os entrevistados, é comum a percepção de que a adaptação é mais simples para crianças e pré-adolescentes, enquanto adolescentes enfrentam mais resistência e ansiedade diante da restrição.
Debate sobre telas chega às casas
A discussão sobre o impacto dos smartphones na vida de crianças e adolescentes ganhou força com a entrada em vigor das leis. Para organizações como o Movimento Desconecta, que defende o uso de celulares apenas a partir dos 14 anos, a restrição nas escolas foi decisiva para ampliar o debate dentro das famílias.
A avaliação é de que, ao proibir o celular no ambiente escolar, o poder público abriu espaço para que pais e responsáveis passem a questionar também o uso em casa. A orientação é que a regra não se limite ao portão da escola e que as famílias estabeleçam limites claros de tempo e de conteúdo para o acesso às telas.
O movimento se apoia em pesquisas que relacionam o uso excessivo de telas e redes sociais a riscos para a saúde mental e o desenvolvimento infantil. Estudos apontam associação entre o tempo diante do smartphone e aumento de quadros de depressão e ansiedade, além de possíveis prejuízos à aprendizagem e à socialização.
A consolidação da proibição em 2025, apontam educadores e especialistas, marca apenas o início de uma disputa mais ampla: a de como redes de ensino e famílias vão administrar a presença onipresente dos celulares na vida de crianças e adolescentes, para além dos muros da escola.
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