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Homens armados roubam gravuras de Matisse e Portinari na Biblioteca Mário de Andrade

Dupla rende vigilante e casal de idosos, leva 13 obras de exposição no Centro de SP e foge pela porta principal; suspeitos seguem foragidos e Polícia Civil investiga o caso

08/12/2025 às 07:45 por Redação Plox

A Biblioteca Mário de Andrade, a segunda maior do país e a principal biblioteca pública de São Paulo, foi alvo de um roubo na manhã de domingo (7).


Dois homens armados invadiram o prédio no Centro, renderam uma vigilante e um casal de idosos que visitava o local e fugiram levando obras de Henri Matisse e Candido Portinari, que integravam uma exposição em cartaz no espaço.

O crime ocorreu na manhã de domingo (7). Segundo a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, foram roubadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Candido Portinari, da obra Menino de Engenho

O crime ocorreu na manhã de domingo (7). Segundo a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, foram roubadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Candido Portinari, da obra Menino de Engenho

Foto: Reprodução / TV Globo.


Como ocorreu a ação na biblioteca

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, após renderem a vigilante e os visitantes, os criminosos seguiram até a cúpula de vidro da biblioteca. Lá, colocaram documentos e oito quadros em uma sacola de lona e deixaram o prédio pela saída principal.


Segundo a pasta, vigilantes correram em busca de ajuda de policiais militares que faziam patrulhamento na região, mas os suspeitos não foram encontrados.

O que os criminosos levaram

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa informou que foram roubadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco gravuras de Candido Portinari, estas últimas da obra “Menino de Engenho”. As peças faziam parte da exposição “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, organizada em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), que estava em seu último dia de exibição.


Entre as gravuras de Matisse levadas pelos ladrões estão: O palhaço (Le clown), O circo (Le cirque), Senhor leal (Monsieur loyal), O pesadelo do elefante branco (Cauchemar de l'Eléphant Blanc), Os Codomas (Le Codomas), O nadador no aquário (La nageuse dans l'aquarium), O engolidor de palavras (L'avaleur de sabres) e O cowboy (Le Cowboy).


As ilustrações de Candido Portinari levadas da biblioteca integram a obra “Menino de Engenho” e aparecem em imagens divulgadas pela TV.

Quem são Matisse e Portinari

Candido Portinari é um dos principais nomes das artes plásticas brasileiras, reconhecido como um dos pintores do país com maior projeção internacional. Em 2007, obras dele que estavam em exposição no Masp, entre elas “O lavrador de café”, foram levadas em outro roubo de grande repercussão.


Henri Matisse foi pintor, escultor, desenhista e gravurista, e é considerado um dos expoentes da arte moderna. Ele liderou o Fauvismo, movimento conhecido pelo uso de cores intensas e expressivas para criar obras marcadas pela experimentação de formas, luz e sensações.


Ao longo da carreira, o artista desenvolveu diferentes estilos, associados a uma linguagem considerada revolucionária.

Valor das obras ainda não foi informado

Questionada sobre quanto valem as peças roubadas, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirmou que a Biblioteca Mário de Andrade ainda passava por perícia e que não havia, até o momento, informação disponível sobre os valores.

O que se sabe sobre os suspeitos

Em entrevista à GloboNews, o prefeito Ricardo Nunes disse que câmeras do programa municipal Smart Sampa, que utiliza tecnologia de reconhecimento facial, identificaram os autores do roubo e que eles estão sendo procurados pela polícia.


A TV Globo teve acesso, com exclusividade, às imagens do sistema. Elas mostram os homens que invadiram a Biblioteca Mário de Andrade caminhando pela Rua João Adolfo, no Centro Histórico, com algumas obras nas mãos.


Nas gravações, uma van azul aparece estacionando na via às 10h43. Um homem desce do veículo e segue pela calçada. Em seguida, outro homem também deixa a van e vai na mesma direção. O destino final dos dois não é registrado pela câmera.


Um minuto depois, ambos retornam ao veículo. Um deles, de camiseta clara, retira duas telas da van e caminha com elas pela calçada. O outro permanece por instantes dentro do automóvel, mas depois também sai carregando um papel.


Em outro ângulo das imagens, o homem de camiseta clara deixa três telas encostadas no muro de uma calçada no cruzamento da Rua João Adolfo com a Rua Alfredo Gagliotti. Na sequência, ele corre e atravessa a via. Ainda não se sabe se outra pessoa recolheu as obras do local ou se os próprios ladrões voltaram para pegá-las.

Atuação das autoridades e investigação

A Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Civil realiza diligências para identificar e prender os dois homens responsáveis pelo roubo de oito quadros e documentos históricos e que o caso foi registrado no 2º Distrito Policial (Bom Retiro), sob investigação da 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).


Em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirmou que as obras expostas têm apólice de seguro vigente e que a biblioteca conta com equipe de vigilância e sistema de câmeras de segurança.

Todo o material que possa servir à investigação está sendo fornecido para as autoridades policiais. A Polícia Militar atendeu a ocorrência e a Guarda Civil Municipal (GCM) reforçou o policiamento

Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Até a última atualização, os criminosos continuavam foragidos, e as obras ainda não haviam sido recuperadas.

Importância da Biblioteca Mário de Andrade

Mantida pela administração municipal, a Biblioteca Mário de Andrade é a segunda maior do Brasil e a maior biblioteca pública de São Paulo. O equipamento cultural completou 100 anos em fevereiro e recebeu mais de 207 mil visitantes no ano anterior.


Originalmente chamada de biblioteca municipal, passou a levar o nome do escritor Mário de Andrade em 1960.

Outros roubos no local

Não é a primeira vez que a principal biblioteca municipal da capital paulista é alvo de criminosos. Em 2006, foram furtadas doze gravuras raras do século 19.

As peças, datadas de 1834, pertenciam ao livro “Souvenirs de Rio de Janeiro”, que reúne 12 ilustrações de paisagens brasileiras pintadas à mão pelo suíço Johann Jacob Steinmann, entre 1834 e 1835. Elas foram recuperadas apenas em 2024, 18 anos depois do crime, em uma ação da Polícia Federal.


O furto foi descoberto em agosto de 2006, quando um funcionário pegou emprestada uma obra do alemão Karl Hermann Konrad Burmeister e percebeu a ausência de algumas imagens.


Segundo a Polícia Federal, as gravuras estavam com um colecionador brasileiro que as havia adquirido legalmente em uma casa de leilões em Londres, na Inglaterra.

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