Vício em trabalho apresenta sintomas similares aos da dependência química

A dependência extrema pelo trabalho, conhecida como "workaholism", pode desencadear sintomas físicos e psicológicos similares aos experimentados por dependentes químicos, segundo o psiquiatra Bruno Brandão. Tais sintomas incluem palpitações, dores musculares, problemas gastrointestinais e enxaquecas. Brandão destaca a similaridade neurobiológica entre um workaholic e um dependente químico, ressaltando a falta de distinção em termos de impacto cerebral.

Sociedade e a Percepção do Vício no Trabalho Diferentemente da dependência de substâncias químicas, que é vista negativamente, a dependência do trabalho é frequentemente percebida como uma qualidade positiva. Brandão observa que a sociedade tende a estimular e valorizar excessivamente a dedicação ao trabalho, ignorando os potenciais danos que isso pode causar à saúde mental e física dos indivíduos.

Síndrome do Lazer: Uma Realidade Preocupante A "síndrome do lazer", termo cunhado pelo professor Ad Vingerhoets, refere-se à dificuldade de algumas pessoas em relaxar e desligar-se do trabalho durante períodos de descanso, como fins de semana e férias. Embora não reconhecida oficialmente na literatura médica como uma síndrome, a condição reflete os efeitos prejudiciais da pressão social contemporânea para sermos constantemente produtivos.

Raízes do Problema e Consequências a Longo Prazo Fatores que contribuem para a síndrome do lazer incluem influências da infância e construções sociais. Brandão aponta que crianças expostas a modelos de trabalho excessivo ou condicionadas a associar sucesso com afeto podem desenvolver uma relação disfuncional com o trabalho na vida adulta. Os sintomas físicos resultantes podem levar a danos cerebrais, hipertensão e outras complicações de saúde, além de impactar negativamente a produtividade e a capacidade de tomada de decisão.

Buscando Equilíbrio e Bem-Estar Para alcançar um equilíbrio saudável entre trabalho e descanso, é essencial compreender a importância pessoal do trabalho e reconhecer quando ele começa a mascarar outros problemas subjacentes. A psicóloga Carolina Franca enfatiza a necessidade de não demonizar o trabalho, mas de buscar ajuda profissional quando necessário, para gerenciar adequadamente o descanso e evitar o agravamento do problema.