Trump taxará aço e Brasil será um dos mais afetados; vendas somam US$ 6 bilhões
"Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%", afirmou Trump a jornalistas durante um voo no Air Force One com destino a Nova Orleans, onde assistiria ao Super Bowl
Por Plox
09/02/2025 22h24 - Atualizado há cerca de 1 mês
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (9) que irá aumentar as tarifas sobre importações de aço e alumínio de todos os países. A medida, que será oficializada nesta segunda-feira (10), prevê uma taxa de 25% sobre esses produtos.
O Brasil será um dos países mais impactados, ao lado de Coreia do Sul, México e Canadá. A decisão pode afetar aproximadamente US$ 6 bilhões em exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Procurado, o Itamaraty afirmou que, por enquanto, não comentará a declaração de Trump.
"Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%", afirmou Trump a jornalistas durante um voo no Air Force One com destino a Nova Orleans, onde assistiria ao Super Bowl. Ao ser questionado se a tarifa também incluiria o alumínio, ele confirmou.
Durante seu primeiro mandato, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Posteriormente, negociou cotas para Canadá, México e Brasil. No entanto, no final de seu governo, voltou a aplicar restrições às exportações siderúrgicas brasileiras, buscando apoio de eleitores em estados estratégicos. Na época, o governo de Jair Bolsonaro aceitou a taxação, visando fortalecer a aliança política com o republicano.

Setor siderúrgico brasileiro e impacto econômico
Os Estados Unidos são um dos principais destinos das exportações brasileiras de aço e alumínio. Segundo um relatório da Câmara de Comércio Brasil-EUA, em 2024, o Brasil exportou US$ 11,4 bilhões em ferro e aço, sendo 48% desse total (US$ 5,7 bilhões) destinados aos EUA. No setor de alumínio, o Brasil vendeu US$ 1,6 bilhão, dos quais 16,8% (US$ 267,1 milhões) tiveram como destino o mercado norte-americano.
"Investigações sobre ameaças à segurança nacional relacionadas às importações foram realizadas no primeiro governo Trump para determinados produtos de aço e alumínio, resultando em uma sobretaxa de 10% para alumínio e em cotas limitadas para exportação de aço", relembra o documento da Câmara. "O Brasil, um dos maiores fornecedores aos Estados Unidos, foi afetado principalmente em bens semimanufaturados de aço."
Os produtos semiacabados de ferro ou aço ocupam a segunda posição entre os principais itens exportados pelo Brasil aos EUA, com um volume de US$ 3,5 bilhões em 2024.
Trump prepara mais tarifas e endurece política comercial
O presidente norte-americano também confirmou que, entre terça-feira (11) e quarta-feira (12), anunciará uma nova política comercial baseada na reciprocidade. Na prática, os EUA passarão a taxar países que impõem tarifas mais altas sobre produtos norte-americanos.
"Se eles estão nos cobrando 130% e nós não estamos cobrando nada deles, isso não vai continuar assim", declarou Trump.
O governo Lula e o setor privado brasileiro já vinham se preparando para possíveis barreiras comerciais impostas por Trump, prevendo impactos no setor siderúrgico e uma possível retaliação ao Brasil caso o mercado de etanol não seja aberto para os produtos dos EUA.
Em resposta, o governo brasileiro iniciou um mapeamento de setores e produtos norte-americanos que poderiam ser alvo de medidas de retaliação, caso as novas tarifas afetem as exportações nacionais.
Brasil estuda retaliação a possíveis barreiras comerciais

A equipe econômica do governo brasileiro considera que Trump pode utilizar as novas tarifas como instrumento de barganha em outras áreas. Um dos temas sensíveis é a regulação das plataformas digitais no Brasil, frequentemente questionada nos Estados Unidos.
A estratégia de resposta do Brasil não se basearia necessariamente em novas tarifas, mas na retirada de benefícios concedidos a determinados produtos norte-americanos. Dessa forma, eventuais barreiras respeitariam as normas do comércio internacional.
Ainda não há uma lista final de produtos que poderiam ser atingidos, mas o governo pretende focar a retaliação em setores que impactem a base eleitoral republicana e apoiadores de Trump, principalmente nos estados que votaram no presidente.
Medidas semelhantes foram adotadas pelo Canadá em disputas anteriores. Como represália, o país taxou suco de laranja da Flórida, aço de estados industriais pró-Trump, além de produtos como iogurte de Wisconsin e uísque de Kentucky.
Diante desse cenário, Brasil e União Europeia já avaliam possíveis medidas caso a política tarifária de Trump avance nos próximos meses.