China ameaça banir filmes dos EUA após novas tarifas impostas por Trump

Decisão pode atingir Hollywood em cheio e foi mencionada por autoridades chinesas como retaliação à ofensiva tarifária dos Estados Unidos

Por Plox

09/04/2025 07h33 - Atualizado há 3 meses

A crescente tensão entre China e Estados Unidos pode atingir em cheio a indústria cinematográfica de Hollywood. Nesta terça-feira (8), duas figuras influentes na política e na imprensa chinesa anunciaram a possibilidade de uma retaliação direta às tarifas impostas por Donald Trump: o banimento total ou parcial da importação de filmes americanos.


Imagem Foto: Pixabay


A proposta foi divulgada simultaneamente por Liu Hong, editor da agência estatal Xinhua, e por Ren Yi, neto de Ren Zhongyi, ex-líder do Partido Comunista na província de Guangdong. Ambos detalharam uma série de contramedidas às tarifas norte-americanas, incluindo sobretaxas sobre produtos agrícolas dos EUA, bloqueio à entrada de aves americanas e a medida mais simbólica — a suspensão de filmes produzidos nos Estados Unidos no mercado chinês.



As tarifas implementadas pelos Estados Unidos podem chegar a 104% sobre produtos chineses, e foram classificadas por Pequim como uma forma de chantagem comercial. A resposta do governo chinês foi imediata, prometendo utilizar todas as ferramentas à disposição na chamada guerra comercial.


Até então, o setor cinematográfico americano vinha sendo poupado de represálias diretas, uma vez que filmes são categorizados como serviços, e não bens físicos. Entretanto, a China é o segundo maior mercado consumidor de cinema no mundo, tornando o setor altamente vulnerável a qualquer mudança nas políticas de importação.



Para se ter ideia da relevância desse mercado, a bilheteria chinesa do longa “Um Filme Minecraft”, lançado na última semana, correspondeu a 10% da arrecadação global da produção. No ano anterior, a indústria americana gerou aproximadamente US$ 585 milhões (cerca de R$ 3,4 bilhões) em receita na China.


As regras de distribuição no país asiático já são bastante rígidas: produções estrangeiras só entram no mercado local por meio de empresas estatais, que controlam os períodos de estreia e aplicam normas de censura. Além disso, os lançamentos nacionais costumam ocupar os períodos mais lucrativos do calendário cinematográfico chinês.


Diante desse cenário, o possível bloqueio aos filmes dos EUA surge como uma poderosa ferramenta de pressão contra a administração de Donald Trump, ampliando os impactos da guerra tarifária para além da esfera econômica tradicional.


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