Correios bancam R$ 4 milhões para turnê de Gilberto Gil mesmo com prejuízo bilionário
Apesar do déficit de R$ 3,2 bilhões, estatal patrocinou eventos culturais em 2024, incluindo R$ 6 milhões para o Lollapalooza e R$ 4 milhões para Gilberto Gil
Por Plox
09/04/2025 08h53 - Atualizado há 19 dias
Apesar de enfrentar uma grave crise financeira, os Correios destinaram R$ 38,4 milhões para patrocínios durante o governo Lula (PT), sendo que R$ 4 milhões foram direcionados exclusivamente para a turnê 'Tempo Rei', de Gilberto Gil.

A justificativa da estatal para esse investimento cultural é que essa seria a última turnê do artista, com uma previsão de público de cerca de 800 mil pessoas em apresentações realizadas no Brasil, Europa e Estados Unidos. Segundo a empresa, a proposta é agregar valor à marca dos Correios por meio da associação com uma figura de relevância cultural e projeção internacional.
Além desse patrocínio, outros R$ 6 milhões foram repassados ao festival Lollapalooza. De acordo com a estatal, a ação visou reforçar sua imagem de inovação junto ao público jovem, considerado menos familiarizado com os serviços da empresa. Os Correios acreditam que a presença em um dos maiores eventos musicais do país ajudaria a reposicionar sua marca no imaginário popular.
Entretanto, esses investimentos ocorrem em meio a um cenário preocupante: em 2024, os Correios registraram um déficit de R$ 3,2 bilhões. Ainda mais alarmante é a situação da Postal Saúde, o plano de saúde dos funcionários da estatal, que acumula um rombo de R$ 400 milhões por falta de repasses desde novembro de 2024. Essa ausência de repasses tem causado a suspensão de atendimentos em diversos hospitais credenciados.
No comando dos Correios desde agosto de 2023 está o advogado Fabiano Silva dos Santos, associado ao Grupo Prerrogativas. Durante aquele ano, a empresa já havia investido R$ 3,3 milhões em patrocínios culturais, incluindo R$ 400 mil para os bois Caprichoso e Garantido, no Festival de Parintins (AM), R$ 500 mil para a Orquestra Criança Cidadã (PE) e R$ 350 mil no Festival CoMA, em Brasília (DF).
Esses dados evidenciam um contraste entre os vultosos gastos com eventos culturais e a delicada situação financeira enfrentada pela estatal, levantando questionamentos sobre a gestão de recursos públicos e as prioridades da empresa.