Estudantes de medicina zombam de jovem transplantada e família denuncia ao MP
Ofensas contra Vitória Chaves, que passou por quatro transplantes, geram indignação e são alvo de apuração pelo Instituto do Coração de SP
Por Plox
09/04/2025 09h13 - Atualizado há cerca de 1 mês
Um vídeo publicado no TikTok por duas estudantes de medicina causou revolta nacional após zombarias direcionadas a Vitória Chaves da Silva, jovem que passou por quatro transplantes — três de coração e um de rim. A gravação, divulgada no dia 17 de fevereiro, ocorreu apenas nove dias antes da morte de Vitória, que não resistiu a um choque séptico e à insuficiência renal crônica.

A repercussão do conteúdo levou a família da jovem a registrar um boletim de ocorrência e acionar o Ministério Público, exigindo uma retratação pública. Segundo os familiares, o vídeo só chegou até eles na semana passada, mesmo após ter sido removido da plataforma.
Durante a gravação, uma das estudantes ironiza a situação de Vitória dizendo: “Não sei, essa menina tá achando que tem sete vidas?”. Outra colega complementa com uma explicação sobre os supostos motivos para os múltiplos transplantes, mencionando uma suposta rejeição por falha no uso de medicamentos, alegação que foi prontamente contestada pela família.
No vídeo, a estudante afirma: “A primeira vez que ela transplantou, era uma criança. Tinha cardiopatia congênita. [...] A segunda vez ela transplantou, aí ela não tomou os remédios que precisava, o corpo rejeitou, teve que transplantar de novo por um erro dela. Aí agora transplantou de novo, aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”.
O conteúdo, que já foi retirado do ar, gerou ampla indignação por expor detalhes sensíveis do histórico clínico de Vitória sem autorização e com teor pejorativo. O Instituto do Coração (Incor), onde a jovem foi atendida, se manifestou afirmando que repudia veementemente a conduta das estudantes e que está conduzindo uma apuração rigorosa dos fatos. A instituição ainda declarou que “adotará todas as medidas cabíveis” diante da atitude das alunas, destacando a gravidade da violação ética envolvida.
O caso reacende o debate sobre ética profissional na formação médica e o respeito à privacidade e dignidade dos pacientes, sobretudo em contextos de vulnerabilidade.