PF tenta 10 milhões de senhas para desbloquear celular de suspeito dos atos de 8 de janeiro
Mesmo com uso de tecnologia avançada, aparelho de Renato Marchesini permanece inacessível; conteúdo era peça-chave para investigação determinada por Moraes
Por Plox
09/04/2025 07h38 - Atualizado há 27 dias
A Polícia Federal realizou uma tentativa monumental de acessar o celular de Renato Marchesini Figueiredo, de 42 anos, suspeito de envolvimento nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Foram testadas, sem sucesso, mais de 10 milhões de combinações de senha para desbloquear o aparelho.

Marchesini, que reside na cidade de Franca, em São Paulo, foi preso logo após os atos, mas obteve liberdade provisória dez dias depois. Desde então, responde ao processo judicial sob medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, retenção de passaporte e a proibição de utilizar redes sociais.
A tentativa de desbloqueio foi motivada por uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a busca de informações no celular do suspeito. Entre os elementos solicitados estavam 36 palavras-chave que pudessem indicar o nível de envolvimento de Marchesini com os ataques, incluindo expressões como “morte ao Xandão”, “Forças Armadas”, “Artigo 142”, “Bolsonaro”, “Fora Lula” e “Intervenção Militar”.
Além das palavras-chave, a PF deveria procurar contatos salvos, arquivos de mídia e dados de localização que pudessem comprovar a participação do investigado nas ações de invasão, depredação de patrimônio público ou prática de violência. Para tanto, foi utilizado o software Cellebrite Premium, uma ferramenta que analisa informações disponíveis para gerar possíveis senhas. Mesmo com esse recurso tecnológico, o desbloqueio não foi possível, e o celular foi devolvido ao setor responsável pela execução das ordens do STF.
Até o momento, nenhuma evidência concreta foi obtida a partir do dispositivo, que permanece inacessível. Renato Marchesini é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, golpe de Estado e dano qualificado ao patrimônio da União.
Empresário do setor de consórcios e com uma MEI registrada na área de transportes terrestres, Marchesini usou suas redes sociais, durante o período das eleições de 2022, para criticar o STF, seus ministros e o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Também participou de manifestações pedindo intervenção militar.
Sua audiência de instrução e julgamento está marcada para a próxima terça-feira, dia 15.