Consumo de ultraprocessados pode antecipar sinais de Parkinson, revela estudo
Pesquisa com 43 mil pessoas indica que ingestão diária de alimentos industrializados aumenta em 2,5 vezes o risco de sintomas iniciais da doença
Por Plox
09/05/2025 15h24 - Atualizado há 4 dias
Um estudo de grande porte publicado na revista científica Neurology acendeu um sinal de alerta sobre os efeitos do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. De acordo com a pesquisa, pessoas que consomem, em média, 11 porções diárias desses produtos têm 2,5 vezes mais chances de apresentar sinais iniciais da doença de Parkinson do que aquelas que ingerem apenas três porções.

A investigação acompanhou cerca de 43 mil participantes nos Estados Unidos, com média de idade de 48 anos, ao longo de até 26 anos. Nenhum dos voluntários havia sido diagnosticado com Parkinson no início da pesquisa, que se concentrou na fase prodrômica da doença — um estágio precoce que pode anteceder os sintomas motores característicos, como tremores e rigidez muscular, por muitos anos.
Entre os itens analisados estavam refrigerantes (diet e normais), lanches salgados, doces embalados, iogurtes industrializados, molhos, condimentos e alimentos como salsichas e presunto. A exceção foi para pães e cereais, que não demonstraram associação com os sinais da doença.
A pesquisa sugere que a alta presença de açúcar, sal e gorduras saturadas, além da baixa quantidade de fibras, proteínas e micronutrientes, pode contribuir para desequilíbrios na microbiota intestinal e aumentar inflamações e a morte de neurônios — possíveis fatores por trás do avanço dos sintomas neurológicos.
Além dos achados, o estudo também contou com a participação de especialistas que reforçaram o impacto da alimentação sobre a saúde cerebral. Xiang Gao, professor da Universidade Fudan, destacou que a dieta é um fator de risco importante e que hábitos saudáveis podem retardar o avanço da doença. Já o professor Daniel van Wamelen, do King's College London, lembrou que a presença de sinais prodrômicos não garante o desenvolvimento do Parkinson, mas indica um risco aumentado com o passar do tempo.
A metodologia do estudo considerou como uma porção exemplos como um cachorro-quente, 237 ml de refrigerante, uma fatia de bolo industrializado, uma colher de sopa de ketchup ou 28 gramas de batata frita. Os dados foram retirados de dois grandes levantamentos: o Nurses' Health Study e o Health Professionals Follow-Up Study, que monitoram comportamentos de saúde há décadas.
Especialistas reforçaram que reduzir o consumo de ultraprocessados não é apenas uma medida contra doenças metabólicas, mas pode ser uma ação preventiva eficaz contra processos neurodegenerativos. Adotar uma alimentação rica em alimentos integrais e nutritivos pode ser essencial para preservar a saúde do cérebro ao longo da vida.