Sindicato do IBGE critica mapa-múndi invertido com Brasil no centro

ASSIBGE-SN denuncia uso simbólico do mapa e acusa gestão de comprometer credibilidade técnica do instituto

Por Plox

09/05/2025 17h36 - Atualizado há 1 dia

O novo mapa-múndi lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o Brasil posicionado no centro e o hemisfério sul acima, está gerando grande repercussão. A proposta, apresentada nesta semana pela atual gestão, liderada por Marcio Pochmann, foi duramente criticada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE-SN), que acusa a iniciativa de deturpar os princípios técnicos e comprometer a imagem institucional do órgão.


Imagem Foto: Agência Brasil IBGE


De acordo com o presidente do IBGE, a intenção do chamado mapa invertido seria evidenciar a atual posição de liderança que o Brasil ocupa em fóruns internacionais, como o BRICS, o Mercosul e, principalmente, pela realização da COP30, prevista para ocorrer ainda em 2025. Pochmann publicou nas redes sociais que o novo formato cartográfico busca destacar a centralidade do país no cenário global contemporâneo.



No entanto, o ASSIBGE-SN contesta veementemente essa justificativa. Para a entidade, o mapa representa uma distorção simbólica que fragiliza décadas de trabalho técnico, sério e reconhecido globalmente do IBGE. Em nota assinada pelo Núcleo Sindical Chile, os servidores afirmam que a adoção dessa nova representação geográfica não possui qualquer respaldo nas convenções cartográficas internacionais.
\"Não se combate a realidade com ilusões gráficas. Colocar o Brasil no centro do mapa não resolve nada — e pode, inclusive, enfraquecer a seriedade de um projeto nacional\"

, diz um trecho do manifesto.

A crítica se estende ainda à conduta da gestão atual do IBGE, que, segundo o sindicato, estaria promovendo um uso político e simbólico da instituição, desviando-a de seu papel essencial como órgão técnico de Estado. A nota relembra um episódio semelhante ocorrido em janeiro deste ano, quando a publicação \"Brasil em Números 2024\" trouxe um prefácio assinado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, o que também foi visto como quebra de tradição técnica e impessoal.



Além disso, o sindicato denuncia que tais ações ferem princípios constitucionais da administração pública, como a finalidade administrativa, a impessoalidade, a moralidade e a eficiência. Para os servidores, o IBGE não deve ser usado como ferramenta de promoção simbólica de governos, e sim como pilar de informação confiável, rigorosa e transparente para a sociedade.


A gestão de Pochmann, indicada em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido alvo de críticas internas por supostas posturas autoritárias e aparelhamento ideológico do instituto. A ASSIBGE afirma que a responsabilidade por esse tipo de prática recai sobre a atual presidência do órgão e conclui seu posicionamento reafirmando o compromisso com a ciência, a integridade e a maturidade institucional.



O manifesto encerra com uma reflexão contundente: nenhum país se torna mais respeitado por estar no centro de um mapa. O verdadeiro reconhecimento internacional vem da seriedade nas políticas públicas, da confiança nas instituições e da clareza dos dados apresentados ao público.


Destaques