Anvisa autoriza Mounjaro para tratar obesidade e sobrepeso no Brasil
Componente ativo tirzepatida já era usado contra diabetes tipo 2; agora, medicamento pode ser prescrito para perda de peso com comorbidades
Por Plox
09/06/2025 10h42 - Atualizado há cerca de 19 horas
Nesta segunda-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou um novo uso para o medicamento Mounjaro: o tratamento da obesidade e do sobrepeso, quando associados a ao menos uma comorbidade. A decisão foi oficializada por meio de publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Com formulação injetável e comercialização oficial no Brasil desde maio de 2025, o Mounjaro é produzido pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly. Antes da aprovação para o novo uso, o medicamento já havia sido autorizado pela Anvisa em setembro de 2023 como terapia complementar para diabetes tipo 2.
A tirzepatida, princípio ativo da medicação, atua como agonista dos receptores GIP e GLP-1, dois hormônios naturais do intestino responsáveis pela regulação do apetite. A substância tem a capacidade de reduzir a ingestão calórica por modificar o apetite, o que favorece o emagrecimento aliado a uma dieta equilibrada e à prática de atividades físicas.
Disponível nas dosagens de 2,5 mg e 5 mg, o medicamento é administrado por meio de uma caneta injetável descartável, com quatro etapas simples: destampar, posicionar, destravar e pressionar/segurar. O descarte da caneta deve ser feito em recipiente próprio para perfurocortantes.
A inclusão da nova indicação amplia a concorrência com fármacos como o Ozempic e o Wegovy, já conhecidos no mercado para controle de peso e diabetes. A expectativa inicial era de que a venda para esse novo uso começasse em 7 de junho, mas a farmacêutica antecipou o cronograma.
A comunidade médica recebeu a aprovação com entusiasmo. Segundo Clayton Luiz Dornelles Macedo, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
“vemos com grande entusiasmo o avanço da ciência médica no tratamento da obesidade e do diabetes, especialmente com a aprovação da indicação da tirzepatida”
. Ele destaca os benefícios clínicos e a necessidade de acesso ampliado da população ao tratamento, ressaltando que o uso não deve ser motivado por questões estéticas, pois os riscos podem superar os benefícios.Fábio Trujilho, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), reforça que a tirzepatida se mostra eficaz principalmente em casos de pacientes com necessidades específicas:
“Diversos estudos clínicos mostraram que o medicamento leva a uma perda de peso superior à observada com outras medicações já disponíveis, especialmente em doses mais altas”
, explicou.
A nova aprovação da Anvisa representa um marco no combate à obesidade no Brasil, uma condição reconhecida como doença crônica. Com respaldo regulatório e apoio da comunidade científica, o Mounjaro se junta à lista de opções terapêuticas com foco na qualidade de vida e na saúde metabólica dos brasileiros.