Bolsonaro e Moraes se encontram em audiência sobre tentativa de golpe

Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal dá início a uma das etapas mais aguardadas do processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. A audiência acontece de forma presencial, entre 14h e 20h, na sala da Primeira Turma da Corte, e terá como destaque o encontro direto entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes.

Foto: Reprodução

No centro da sala, frente a frente com Moraes, o réu interrogado ocupará uma mesa reservada, sempre acompanhado de seu advogado. Já os demais réus ficarão sentados atrás, dispostos em fila conforme nova organização feita por razões de segurança. Inicialmente, estava previsto que Bolsonaro e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator no caso, estariam lado a lado — mas o plano foi alterado.

Além de Bolsonaro, mais sete acusados vão prestar depoimento ao longo da semana, incluindo o general Braga Netto, que será ouvido por videoconferência por estar preso. Os outros nomes são Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid — este último será o primeiro a falar. Os réus fazem parte do chamado “Núcleo 1” da suposta articulação golpista.

A estrutura da sessão estabelece que Alexandre de Moraes iniciará os questionamentos, seguido pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e, por fim, os advogados de defesa, respeitando a ordem alfabética dos réus. Conforme previsto na Constituição, os acusados poderão optar por permanecer em silêncio ou apresentar suas versões.

Os crimes atribuídos ao grupo incluem associação criminosa, incitação ao golpe militar, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e uso indevido da máquina pública para disseminar notícias falsas sobre fraude eleitoral.

A expectativa é de que, após os depoimentos, Moraes elabore um relatório com sua avaliação dos fatos, que deve ser encaminhado para julgamento entre os meses de setembro e outubro deste ano. Se necessário, as audiências se estenderão até o dia 13 de junho, podendo ter os horários ampliados para dar conta do cronograma.

A audiência desta segunda pode representar um marco no caso que agitou o país após o resultado das urnas em 2022. O momento de confronto direto entre o ex-presidente e o ministro responsável pelo inquérito concentra as atenções do meio político e jurídico, com desdobramentos que podem reverberar até as eleições de 2026.