Defesa de Bolsonaro promete reagir à delação de Mauro Cid
Advogados do ex-presidente pretendem questionar versão apresentada pelo ex-ajudante de ordens ao STF
Por Plox
09/06/2025 18h23 - Atualizado há cerca de 11 horas
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a se sentar diante do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9) para prestar mais um depoimento no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado.

Em sua nova versão – a quinta desde que firmou acordo de colaboração com a Justiça – Cid reforçou que Bolsonaro não só teve acesso à minuta de um decreto de cunho golpista, como também pediu modificações no texto, após lê-lo. Segundo o militar, a minuta original previa prisões de diversas autoridades dos poderes Judiciário e Legislativo, entre elas ministros do STF e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado.
“Ele de certa forma enxugou o documento. Basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como preso. O resto…”, relatou Cid durante o interrogatório, sendo interrompido por uma ironia do próprio ministro:
“O resto foi conseguindo um habeas corpus”
.
O depoimento ocorre no início de uma série de interrogatórios planejados pelo Supremo, com foco no grupo que seria o núcleo central da articulação da tentativa de golpe, do qual Bolsonaro é apontado como figura central.
Diante das diversas contradições nas falas de Cid ao longo do tempo, os advogados do ex-presidente já anunciaram que irão contestar trechos da delação do militar.
“Vamos fazer os questionamentos que têm que ser feitos. É a primeira vez que vamos estar com o delator, então nós vamos questionar”, declarou Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro.
O próprio ex-presidente, segundo informações, recusou fazer qualquer tipo de preparação formal para seu depoimento no STF, preferindo responder espontaneamente. Paralelamente, a Corte vem intensificando a segurança nas dependências e durante as oitivas – com reforço no uso de detectores de metais –, especialmente por conta da presença de Bolsonaro.
Na mesma sessão em que reforçou sua versão sobre a minuta, Cid também tentou minimizar um áudio vazado em que falava sobre a atuação da Polícia Federal no caso. O conteúdo das gravações e os encontros que o tenente-coronel teve com Bolsonaro no STF também têm atraído a atenção das autoridades e da imprensa.
O desenrolar do depoimento de Mauro Cid e a postura combativa da defesa de Bolsonaro prometem marcar uma nova etapa no andamento do processo, cujos próximos capítulos poderão definir os rumos de diversas figuras centrais da política nacional.