Lula visita sede da Interpol e firma aliança internacional contra o crime

Encerrando sua agenda oficial na França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta segunda-feira (9) na sede da Interpol, localizada na cidade de Lyon. A visita marcou o fim de quatro dias de compromissos internacionais em solo francês, nos quais Lula buscou fortalecer alianças estratégicas, inclusive na área da segurança pública global.

Durante o encontro na maior organização policial do mundo, Lula foi recebido por Valdecy Urquiza, brasileiro da Polícia Federal que atualmente ocupa o cargo de secretário-geral interino da Interpol — sendo o primeiro latino-americano a assumir tal posto. Na ocasião, Lula enfatizou a urgência de uma cooperação internacional mais ampla e articulada para enfrentar os desafios impostos pelo crime organizado transnacional.

“O crime está evoluindo muito rápido. Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos que atuam para além das fronteiras nacionais. Precisamos de ações multilaterais urgentes e coordenadas”, afirmou o presidente. $&&$Precisamos de ações multilaterais urgentes e coordenadas$, destacou Lula.

Na presença de representantes da organização, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, formalizou uma Declaração de Intenções com a Interpol. Esse documento estabelece bases para ampliar a colaboração em segurança pública, prevendo:

- Modernização tecnológica e institucional das forças de segurança da América Latina;

- Apoio à proteção de grupos vulneráveis e promoção dos direitos humanos nas ações policiais;

- Combate e desarticulação de redes criminosas transnacionais;

- Reforço da cooperação contra o crime organizado.

A Interpol, que atualmente reúne 196 países membros, desempenha papel essencial na cooperação policial internacional. Atua em áreas como combate ao terrorismo, crimes cibernéticos, tráfico de drogas e pessoas, além de crimes ambientais.

Lula também aproveitou o momento para destacar as iniciativas que o Brasil já vem implementando nesse campo. Ele mencionou, entre elas, a criação do Centro de Cooperação Internacional da Amazônia, que une autoridades de nove países que compartilham o bioma amazônico, além das ações contra o garimpo ilegal e o tráfico na região da Tríplice Fronteira — envolvendo Brasil, Argentina e Paraguai.

Outro ponto levantado pelo presidente foi a atuação da Polícia Federal brasileira em crimes ambientais. Segundo ele, apenas no ano passado, mais de 250 milhões de dólares em bens relacionados a delitos ambientais foram apreendidos, e equipamentos avaliados em 60 milhões de dólares, usados em garimpos ilegais, foram inutilizados. “Fortalecer a segurança pública também significa proteger a natureza”, afirmou.

A visita a Lyon encerrou uma intensa agenda diplomática de Lula, que também incluiu uma reunião em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron. Na capital francesa, os líderes discutiram temas como o avanço das negociações do acordo Mercosul-União Europeia, questões climáticas e a governança global.

Dessa forma, Lula encerra sua viagem à França reforçando o papel do Brasil como agente ativo na articulação de políticas internacionais em prol da segurança e da paz global.