Uso de anabolizantes afeta colesterol e aumenta risco de infarto, alerta SBEM
Entidade médica destaca que substâncias reduzem colesterol bom, elevam o ruim e provocam alterações metabólicas graves, mesmo em jovens
Por Plox
09/08/2025 09h58 - Atualizado há 1 dia
Durante as ações do Dia Mundial de Combate ao Colesterol, celebrado nesta sexta-feira (8), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) chamou atenção para um perigo que cresce de forma silenciosa: o uso indiscriminado de anabolizantes, cada vez mais presente entre jovens e associado a riscos graves ao coração.

Essas substâncias, que possuem estrutura semelhante à testosterona, são frequentemente utilizadas para aumentar a massa muscular, seja por motivos estéticos ou para melhorar o desempenho esportivo. No entanto, a entidade alerta que os efeitos colaterais vão muito além da aparência física. Segundo a SBEM, o uso reduz de forma acentuada o HDL — o chamado colesterol bom — e eleva o LDL, conhecido como colesterol ruim. Além disso, aumenta a resistência à insulina e favorece o acúmulo de gordura visceral, compondo o quadro da síndrome metabólica, fortemente associada a doenças cardiovasculares.
Um estudo divulgado pela revista Sports Medicine Open examinou 92 fisiculturistas amadores e constatou que muitos utilizavam anabolizantes combinados com insulina e hormônio do crescimento. Entre esses usuários, foram observadas alterações expressivas no perfil lipídico e no fígado, incluindo redução drástica do HDL, elevação das enzimas ALT e AST e mudanças em marcadores ligados ao metabolismo de ácidos graxos.
Outro levantamento, publicado na Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders, reforça que o uso prolongado desses compostos mantém efeitos nocivos, como resistência à insulina e acúmulo de gordura abdominal, mesmo após a suspensão.
\"O conjunto desses fatores configura a síndrome metabólica, fortemente associada a infarto e acidente vascular cerebral (AVC)\"
, frisou a SBEM.
Dados da própria entidade indicam que cerca de 6,4% dos homens já fizeram uso de anabolizantes, com índices possivelmente mais altos entre frequentadores de academias. Em muitos casos, o consumo envolve também insulina e hormônio do crescimento, combinação que potencializa riscos. Há relatos de infartos precoces em pessoas com menos de 40 anos, sem histórico familiar, mas que faziam uso frequente dessas substâncias.
A campanha da SBEM para 2025 reforça a necessidade de informação de qualidade e acompanhamento médico antes de qualquer intervenção que afete o metabolismo.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), em decisão de 2023, proibiu a prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos, de ganho de massa muscular ou melhoria de performance esportiva, em atletas amadores ou profissionais. A medida se baseia na ausência de comprovação científica sobre benefícios e segurança para o paciente, além da inexistência de estudos robustos que avaliem riscos em doses acima das fisiológicas.
Entre os efeitos adversos listados estão hipertrofia cardíaca, pressão alta, infarto agudo do miocárdio, aterosclerose, maior tendência à formação de coágulos, doenças no fígado, depressão, dependência química, infertilidade, disfunção erétil e queda da libido.