CPMI do INSS se prepara para ouvir ex-ministro de Bolsonaro
José Carlos Oliveira será o próximo a depor; Gabas e Onyx também estão na lista da comissão
Por Plox
09/09/2025 08h35 - Atualizado há 3 dias
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS terá uma semana decisiva. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que o próximo depoente será José Carlos Oliveira, ex-presidente do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência durante o governo de Jair Bolsonaro. A audiência está marcada para a próxima quinta-feira, dia 11.

Além dele, também está previsto o comparecimento do ex-ministro Carlos Gabas, que ainda não tem data definida, e de Onyx Lorenzoni, cuja defesa já indicou o final de setembro como possível data para a oitiva. Segundo Viana, a sequência de depoimentos deve trazer novos elementos sobre as fraudes que atingiram aposentados e pensionistas em todo o país.
Na última segunda-feira (8), o ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi (PDT) esteve diante da comissão. Sua participação foi marcada por embates e cobranças sobre omissões na condução da pasta. Ele deixou o cargo em maio, após a eclosão do escândalo, mas nega envolvimento em desvios.
Lupi reconheceu que as medidas adotadas não foram suficientes para conter as irregularidades.
\"Infelizmente, falhamos nisso, falhamos em ter uma ação mais enérgica do INSS para coibir\",
declarou, ao citar a Instrução Normativa 162, editada em 2024 para tentar impedir descontos ilegais em benefícios.
O ex-ministro relatou ter recebido denúncias pela ouvidoria e pelo sistema Meu INSS desde 2023, mas disse que só tomou dimensão do caso com a operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União. \"Nós fizemos a instrução normativa justamente para coibir. Se eu tivesse algum ato de má-fé, eu não teria editado a norma\", defendeu.
Durante o depoimento, afirmou que sempre atuou de forma técnica e negou qualquer relação com empresários ou associações ligadas às fraudes. Citado sobre nomes como o “Careca do INSS” e Maurício Camisotti, negou encontros ou agendas com eles.
As explicações, contudo, não convenceram parte dos parlamentares. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), questionou se Lupi havia comunicado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as suspeitas. Lupi respondeu: \"Eu não tinha o que informar ao presidente. Tínhamos denúncias específicas e bem menores, mas não das milhões que apareceram na operação\".
No campo político, houve disputas paralelas. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pediu a exclusão do senador Rogério Marinho (PL-RN) da comissão, alegando conflito de interesse, já que ele ocupou cargo na Previdência no governo Bolsonaro. O presidente da CPMI rejeitou o pedido.
Lupi foi o primeiro ex-ministro da Previdência a prestar depoimento no colegiado. Ele reiterou que não escondeu informações e disse: \"Prezo pela minha história e pelo meu currículo\".
Nos próximos dias, a comissão também deve ouvir Antonio Carlos Camilo Antunes, no dia 15, e Maurício Camisotti, no dia 18. Ambos são considerados peças centrais para esclarecer a rede de fraudes que movimentou valores bilionários dentro do INSS.