Moraes e Fux se desentendem durante julgamento de Bolsonaro no STF

Ministros protagonizam embate após intervenção de Flávio Dino em sessão sobre tentativa de golpe de Estado

Por Plox

09/09/2025 16h22 - Atualizado há 3 dias

Durante a sessão realizada nesta terça-feira (9), o clima esquentou no Supremo Tribunal Federal quando os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux se desentenderam no plenário. O episódio ocorreu no momento em que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus, acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, era retomado.


Imagem Foto: STF


O ministro Alexandre de Moraes já falava por mais de duas horas quando Flávio Dino solicitou um aparte. Em tom bem-humorado, Dino sugeriu que Moraes “precisava tomar uma água” antes de prosseguir. A intervenção, no entanto, incomodou Luiz Fux, que prontamente lembrou um acordo entre os magistrados para que os votos fossem apresentados sem interrupções.



Fux destacou que havia um entendimento prévio entre os ministros para evitar apartes, embora tenha reconhecido que a fala de Dino havia sido respeitosa.
\"Só para falar uma questão de ordem, conforme nós combinamos na sala, alguns ministros votariam direto sem intervenções de outros colegas. Embora foi muito própria essa intervenção do ministro Flavio Dino, eu gostaria de cumprir aquilo que nós combinamos no momento em que eu votar\"

, afirmou Fux.

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, interveio para esclarecer que a interrupção havia sido previamente autorizada por Moraes, relator do caso. A observação foi reforçada pelo próprio Moraes, que afirmou que costuma permitir esse tipo de aparte durante seus votos.


– É que nesse caso houve autorização do relator – explicou Zanin.


Moraes então comentou que a solicitação de Dino havia sido dirigida exclusivamente a ele.
\"Mas esse aparte foi pedido a mim, não a Vossa Excelência\"

, respondeu o ministro, fazendo referência direta a Fux.


Mesmo com o esclarecimento, Fux reafirmou que, quando for sua vez de votar, pretende manter o formato combinado anteriormente, sem apartes.
\"Eu não vou conceder com a proposta que nós combinamos lá na sala, porque o voto é muito extenso e a gente perde o fio da meada, principalmente quando eventualmente se apresentar uma discordância\"

, argumentou.A situação, que poderia escalar, foi encerrada com uma fala bem-humorada de Flávio Dino, em tom irônico:
\"Eu não pedirei a palavra para Vossa Excelência. Pode dormir em paz\"

.


O embate expôs divergências sobre o funcionamento das sessões, ainda mais em julgamentos de grande repercussão como o que envolve Bolsonaro e os demais réus investigados por uma tentativa de subversão da ordem democrática.


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