Furto de fios elétricos bate recorde no Brasil: até o estádio Ipatingão foi atacado

Mercado ilegal de cobre impulsiona o crime; São Paulo lidera em ocorrências, com aumento também no envolvimento de funcionários das empresas

Por Plox

09/10/2023 09h45 - Atualizado há cerca de 1 ano

Nos primeiros seis meses de 2023, o Brasil viu um aumento alarmante nos roubos e furtos de cabos de telecomunicação, atingindo o recorde de quase 2,9 mil km de fiação furtada. Isso representa uma média de 16 km por dia, suficiente para conectar São Paulo a Belém, no Pará. Comparando com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 23,5%. Estes dados, apresentados pela Conexis Brasil Digital, demonstram o impacto direto na vida de cerca de 7 milhões de pessoas que tiveram seus serviços de telefonia, internet e TV por assinatura interrompidos no último ano.

Foto: divulgação

Daniela Martins, diretora de relações institucionais e governamentais da Conexis, declarou que, além do prejuízo imediato pela perda do serviço, as empresas enfrentam custos adicionais para reestabelecer as redes.

 

Mais de 20% desses crimes ocorreram em São Paulo, mas o interior do país também tem sido alvo. Um exemplo marcante ocorreu em Ipatinga, Minas Gerais, onde o Estádio Ipatingão, do Ipatinga Futebol Clube, sofreu com o furto de cabos que alimentavam seus refletores em 25 de maio deste ano.

 

O Ipatingão é o principal palco de esportes na região, sendo utilizado principalmente para partidas de futebol. Além disso, o estádio também é palco de diversos outros eventos e shows, demonstrando sua importância para a comunidade local. 

 

São Paulo, com maior mercado para comprar o cobre, lidera com 664 km de cabos roubados, um aumento de 35% em comparação com 2022. O Paraná e a Bahia seguem na lista, com o último tendo o maior aumento percentual de um ano para o outro, com uma alta de 188,5% em furtos.

A motivação principal para esses crimes é o valor do cobre no mercado. O metal, um dos principais componentes dos fios de telecomunicações, é cotado em cerca de R$ 40 por quilo. Segundo informações da Polícia Civil de SP,  houve uma mudança nas dinâmicas desses crimes, com o crescente envolvimento de funcionários das empresas de telecomunicações, muitos dos quais têm informações privilegiadas.

 

Este tipo de crime não afeta apenas os serviços de telecomunicações. A CET registrou mais de 2.200 falhas em semáforos até abril de 2023, causadas por esses furtos, agravando o trânsito. Outros serviços, como transporte sobre trilhos e distribuição de energia elétrica, também enfrentam interrupções devido a esses crimes.

A Enel São Paulo observou um aumento de mais de 1.000% nos furtos entre 2018 e 2022, e este número continua a crescer.

Em resposta, a Câmara Municipal de São Paulo iniciou uma CPI, liderada pelo vereador Coronel Salles, para investigar o problema. Propostas incluem a proibição de novos ferros-velhos no centro expandido e a suspensão de alvarás de empresas de reciclagem envolvidas em atividades ilícitas.

A Prefeitura de São Paulo está adotando medidas para inibir a atividade criminosa, incluindo a substituição de fiação de cobre por alumínio em áreas de alto risco. Eles também estão intensificando a fiscalização dos ferros-velhos para garantir a conformidade com a legislação vigente.

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