Carla Zambelli inicia greve de fome em protesto contra extradição para o Brasil

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) divulgou uma carta escrita à mão em que comunica o início de uma greve de fome em protesto contra o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro à Justiça italiana. O documento, endereçado ao ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, foi revelado nesta quinta-feira (9) e assinado também por seu advogado, Fabio Pagnozzi.

Foto: Agência Brasil

No texto, a parlamentar afirma estar sendo vítima de perseguição política por causa de sua atuação no Congresso Nacional. Zambelli solicita que Nordio leve em consideração apenas o que seria “certo” e “justo”, e não pressões políticas. Segundo ela, a decisão de manter sua prisão teria sido influenciada por representantes do governo brasileiro, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o embaixador do Brasil na Itália.

“Começo hoje uma greve de fome que só o senhor pode acabar, negando minha extradição, o que me colocará em liberdade, que é o correto”, escreveu Zambelli, afirmando que não vê sentido em viver sem justiça.

Em tom de apelo, a deputada alegou que a manutenção de sua prisão significaria estar “de mãos dadas com o demônio”. Ela recordou a origem italiana de sua família e disse ter buscado refúgio na Itália por acreditar que o país “ainda preza pela democracia e pela justiça”.

Zambelli também criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem atribuiu a responsabilidade por uma condenação que classificou como “injusta e sem provas”. Segundo ela, o magistrado teria sido sancionado pelos Estados Unidos, algo que ela usa para sustentar suas acusações de perseguição política.

Presente na Itália desde julho, a parlamentar foi detida após seu nome ser incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. Ela aguarda a decisão do governo italiano sobre a extradição solicitada pelo Brasil. Em solo brasileiro, Zambelli foi condenada a dez anos de prisão pelo STF, sob a acusação de envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Posteriormente, recebeu nova condenação de cinco anos e três meses por porte ilegal e constrangimento com uso de arma de fogo.

Sua defesa afirma que recorrerá de todas as decisões e insiste que a deputada é alvo de perseguição política. Apesar das condenações, Zambelli declarou que continuará a lutar “pela verdade e pela liberdade”, mesmo que isso signifique se privar de alimentos até que o ministro Carlo Nordio rejeite oficialmente sua extradição.

O caso segue em análise pelas autoridades italianas, enquanto aliados e adversários políticos de Zambelli acompanham o desdobramento do episódio, que já provoca repercussão tanto no Brasil quanto na Europa.