Presidente do Sindnapi depõe na CPMI do INSS sobre suspeitas de fraudes

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) realiza nesta quinta-feira (9/10) o depoimento de Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi).

Foto: Reprodução

O Sindnapi está entre as entidades investigadas na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal. A instituição tem vínculo direto com a Força Sindical e conta com José Ferreira da Silva, o Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — como vice-presidente. As apurações apontam movimentações financeiras atípicas, incluindo R$ 6,5 milhões em espécie transacionados entre 2019 e junho de 2025, conforme relatórios do Coaf enviados à CPMI.

Ao todo, o sindicato movimentou R$ 1,2 bilhão no mesmo período. Esses dados foram identificados após o avanço das investigações, que têm como base uma série de reportagens publicadas desde dezembro de 2023 sobre irregularidades nos descontos aplicados a aposentados por entidades sindicais.

As publicações levaram à abertura de inquérito na Polícia Federal e impulsionaram apurações na Controladoria-Geral da União (CGU). A repercussão foi tamanha que resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. A operação policial foi oficialmente deflagrada em 23 de abril deste ano.

Antes do depoimento de Milton Cavalo, a CPMI deverá votar 78 requerimentos. Entre eles, está o convite para um novo depoimento do advogado Eli Cohen, responsável por apresentar as primeiras denúncias sobre o esquema. A convocação se dá por conta do vazamento de um áudio em que Cohen supostamente teria mentido durante sua primeira fala à comissão.

Outro ponto que será discutido é a proposta de quebra de sigilo bancário e fiscal de Dauliesi Giacomasi Souza, esposa de Milton, referente ao período entre janeiro de 2019 e 3 de outubro de 2025.

As investigações revelaram que a arrecadação das entidades sindicais com mensalidades de aposentados ultrapassou os R$ 2 bilhões em um ano. Ao mesmo tempo, milhares de processos foram movidos por segurados alegando fraudes em suas filiações.

A CPMI do INSS segue como um dos principais focos do Congresso na apuração de irregularidades que envolvem entidades sindicalistas e agentes públicos. O caso continua em andamento, com novos desdobramentos esperados nas próximas sessões da comissão.