2024 bate recorde e se torna o ano mais quente da história, confirma observatório europeu
Com temperaturas recordes e oceanos aquecidos, relatório destaca urgência de ações climáticas globais.
Por Plox
09/12/2024 13h34 - Atualizado há 2 dias
O observatório Copernicus, da União Europeia, confirmou que 2024 será o ano mais quente da história da humanidade, consolidando a tendência de aumento das temperaturas globais. Dados divulgados nesta segunda-feira (9) revelaram que, de janeiro a novembro, as temperaturas médias globais ficaram 0,72°C acima da média de 1991 a 2020. O valor superou em 0,14°C o mesmo período de 2023, até então o ano mais quente já registrado.
Novembro em destaque
O mês de novembro de 2024 foi o segundo mais quente da história, atrás apenas de novembro de 2023. A temperatura média global da superfície do ar atingiu 14,10°C, marcando 1,62°C acima dos níveis pré-industriais. Este foi o 16º mês nos últimos 17 meses com temperaturas excedendo o limite de 1,5°C de aumento em relação à era pré-industrial, considerado crítico para evitar os piores impactos do aquecimento global, segundo o Acordo de Paris.
Apesar da gravidade, cientistas ressaltam que o limite de 1,5°C ainda não foi definitivamente rompido. Para isso, seria necessário que essa média fosse ultrapassada por vários anos consecutivos.
Impactos nos oceanos e gelo marinho
O aquecimento dos oceanos também foi alarmante. A temperatura média da superfície do mar entre as latitudes de 60°S e 60°N chegou a 20,58°C, o segundo valor mais alto para o mês de novembro, perdendo apenas para 2023. Mesmo com indicações de uma transição para condições neutras ou para o fenômeno La Niña, muitas regiões oceânicas permaneceram excepcionalmente quentes.
Na Antártida, o gelo marinho atingiu seu menor valor mensal para novembro, ficando 10% abaixo da média histórica, superando os recordes negativos de 2016 e 2023. No Ártico, a extensão do gelo marinho ficou 9% abaixo da média, registrando o terceiro menor valor para o mês.
Condições climáticas globais
O período entre setembro e novembro de 2024 foi mais úmido do que a média na Europa central e ocidental. Em contraste, regiões como América do Norte e do Sul, Chifre da África, sul da China e África Austral registraram condições mais secas do que o normal. Por outro lado, chuvas acima da média foram observadas em partes do Brasil, Estados Unidos, Chile, Ásia Central e Austrália ocidental e central.
A urgência da ação climática
Samantha Burgess, diretora-adjunta do serviço de mudanças climáticas do Copernicus, reforçou a gravidade dos dados:
"Com os dados do Copernicus para o penúltimo mês do ano, podemos agora confirmar com virtual certeza que 2024 será o ano mais quente já registrado e o primeiro ano-calendário acima de 1,5°C. Isso não significa que o Acordo de Paris foi violado, mas enfatiza que a ação climática ambiciosa é mais urgente do que nunca."
Projeções preocupantes
Relatórios recentes do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) apontam que limitar o aquecimento global a 1,5°C ainda é tecnicamente possível, mas cada vez mais desafiador. Nas condições atuais, o planeta pode alcançar um aumento de até 3,1°C, com consequências catastróficas para o clima global.
Os novos dados reforçam a necessidade de ações climáticas rápidas e efetivas para mitigar os impactos do aquecimento global e evitar o agravamento dos eventos extremos em todo o planeta.