Política

PF encontra contrato milionário de esposa de Alexandre de Moraes com Banco Master

Documentos da PF na operação Compliance Zero mostram acordo amplo entre o escritório de Viviane Barci de Moraes e o banco de Daniel Vorcaro, investigado por suposta fraude de R$ 12 bilhões com o BRB; contrato foi interrompido após liquidação da instituição

09/12/2025 às 16:11 por Redação Plox

A advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mantinha um contrato milionário com o Banco Master, instituição investigada por suposta fraude de R$ 12 bilhões com o Banco de Brasília (BRB). Documentos mostram que o escritório de advocacia de Viviane receberia R$ 3,6 milhões por mês, ao longo de 36 meses, a partir do início de 2024.

O acordo foi localizado no celular do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, preso na operação Compliance Zero, da Polícia Federal. A ação resultou na detenção de Vorcaro e de outros seis executivos, além da apreensão de celulares, notebooks e outros materiais.



Contrato de R$ 129 milhões não foi integralmente executado

De acordo com documentos encontrados no telefone de Vorcaro, havia um contrato amplo entre o Banco Master e o escritório Barci de Moraes, de Viviane. O instrumento não delimitava um caso específico, mas autorizava o escritório a representar o banco sempre que fosse necessário.

O valor total previsto no contrato era de cerca de R$ 129 milhões em três anos, com pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões. O serviço, porém, foi interrompido quando o Banco Master entrou em liquidação e o acordo não chegou a ser executado em sua totalidade.

Mensagens apreendidas pela PF indicam que a equipe de Daniel Vorcaro tratava o pagamento ao escritório de Viviane como prioridade. O contrato foi um dos documentos apreendidos na operação Compliance Zero, como divulgado inicialmente por colunistas do jornal O Globo.

Atuação em ação contra investidor ligado à disputa na Gafisa

Entre os casos em que o escritório Barci de Moraes atuou para o Banco Master está uma queixa-crime apresentada em abril de 2024 por Daniel Vorcaro e pela instituição financeira contra o investidor Vladimir Timerman, da Esh Capital.

Timerman mantém uma disputa antiga com o empresário Nelson Tanure, acionista da Gafisa. Na ação, Vorcaro acusa o investidor de calúnia ao atribuir ao banqueiro suposto envolvimento em operações fraudulentas entre a Gafisa e o fundo Brazil Realty, do qual o Banco Master seria participante.

Segundo o texto preparado pela equipe de advocacia, as declarações de Timerman teriam como objetivo atacar a reputação de Vorcaro e do banco, expondo ambos de forma a comprometer sua credibilidade perante a sociedade.

A queixa-crime foi assinada por Viviane e por outros dez profissionais do escritório, entre eles dois filhos do ministro Alexandre de Moraes. O processo acabou sendo rejeitado na primeira instância, mas ainda pode avançar por meio de recursos.

Prisão de Vorcaro e tentativa de fuga

O contrato entre o Banco Master e o escritório de Viviane foi encontrado quando Daniel Vorcaro foi detido em novembro, ao tentar deixar o país. A saída ocorreria em uma aeronave avaliada em R$ 200 milhões.

A operação da Polícia Federal que levou à prisão do banqueiro e de outros executivos apura um esquema de fraude bilionária envolvendo o Banco Master e o BRB. No curso das investigações, foram apreendidos dados e documentos que revelaram a abrangência da relação entre a instituição financeira e o escritório de Viviane Barci de Moraes.

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