Economia

Dólar abre em alta e Ibovespa vive expectativa por decisões de juros no Brasil e nos EUA

Mercado reage a incertezas políticas em torno da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro e possível anistia a Jair, enquanto investidores aguardam cortes da Selic, projeções do Focus e definição de juros pelo Fed

09/12/2025 às 09:23 por Redação Plox

O dólar abriu a sessão desta terça-feira (9) em alta, avançando 0,22% por volta das 9h01, a R$ 5,4327. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inicia os negócios às 10h.

Os investidores começam o dia de olho em novos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos e nas reuniões de política monetária no Brasil e no exterior. O cenário político também segue no centro das atenções, com novas declarações de Flávio Bolsonaro.


Na véspera, o dólar caiu 0,22%, fechado a R$ 5,4207. Já o principal índice da bolsa subiu 0,52%, terminando o dia aos 158.187 pontos

Na véspera, o dólar caiu 0,22%, fechado a R$ 5,4207. Já o principal índice da bolsa subiu 0,52%, terminando o dia aos 158.187 pontos

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Mercado acompanha dados de emprego nos EUA e decisões de juros

Nos Estados Unidos, o foco recai sobre o relatório Jolts de outubro, que mostra o número de vagas abertas na economia, e sobre a pesquisa semanal da ADP, que mede o emprego no setor privado. Esses indicadores ajudam a ajustar as expectativas para a próxima decisão do Federal Reserve, prevista para amanhã.

Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos dão início hoje a novas reuniões de política monetária. No exterior, o mercado espera um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos. No Brasil, a aposta predominante é de manutenção da Selic em 15% ao ano.

A principal dúvida local é o momento em que começará o ciclo de cortes da taxa básica: se já em janeiro ou apenas em março.

Impacto no câmbio e na bolsa

No câmbio, o movimento desta terça-feira vem após uma semana marcada por forte volatilidade. Acompanhe o desempenho acumulado do dólar:

Dólar

Acumulado da semana: -0,22%
Acumulado do mês: +1,60%
Acumulado do ano: -12,28%

No mercado acionário, o Ibovespa opera após oscilações expressivas na última sessão, com os investidores avaliando tanto o cenário político quanto a trajetória de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Ibovespa

Acumulado da semana: +0,52%
Acumulado do mês: -0,56%
Acumulado do ano: +31,51%

Cenário eleitoral pressiona ativos

O ambiente político ganhou peso adicional nos últimos dias. Menos de 48 horas depois de anunciar que disputaria a Presidência em 2026, Flávio Bolsonaro passou a sinalizar que pode abandonar a corrida eleitoral. No domingo, ele declarou que existe a possibilidade de desistir, mas que essa decisão teria “um preço” a ser negociado.

Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço, só que eu só vou falar para vocês amanhã Flávio Bolsonaro

A movimentação ocorre em meio a sinais de que a sua pré-candidatura enfrenta resistência entre aliados. Sem o apoio do Centrão e com baixa adesão nas pesquisas, ele passou a sugerir que uma eventual retirada da disputa poderia estar condicionada à aprovação de uma anistia para seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Segundo aliados, a prisão de Jair Bolsonaro o impede de disputar eleições, o que intensificou, nos últimos meses, a disputa interna pelo capital político do ex-presidente.

Até então, líderes do Centrão discutiam outra configuração para 2026: uma chapa encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Michelle Bolsonaro como vice. Essa formação era vista como mais competitiva e com maior potencial de unificar o eleitorado de direita.

No Palácio do Planalto, essa mesma chapa era considerada a principal alternativa de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já manifestou intenção de buscar a reeleição no próximo ano.

A sinalização de candidatura de Flávio foi recebida com cautela pelos investidores. A reação pressionou o câmbio e levou o dólar a avançar mais de 2% na sexta-feira, fechando em R$ 5,4328, o maior nível em quase dois meses. O Ibovespa recuou 4,31%, aos 157.369 pontos, no pior desempenho desde fevereiro de 2021.

Pesquisa Datafolha mostra que apenas 8% dos entrevistados consideram Flávio o melhor nome para ser apoiado pelo pai — percentual inferior ao de Michelle Bolsonaro (22%) e do governador Tarcísio de Freitas (20%). Além disso, metade dos ouvidos afirma que não votaria em um candidato indicado por Jair Bolsonaro.

Diante do quadro adverso, bolsonaristas passaram a ventilar a hipótese de que o lançamento da pré-candidatura de Flávio tenha funcionado como instrumento de pressão sobre o Congresso.

A ideia discutida nos bastidores seria a construção de um acordo com o Centrão: em troca de apoio a uma candidatura tida como mais competitiva — como a de Tarcísio de Freitas —, haveria espaço para negociar uma anistia mais ampla para o ex-presidente.

Flávio afirmou que detalharia seus próximos passos após reunião com lideranças do Centrão prevista para hoje. Ele disse esperar que o projeto de anistia seja pautado ainda nesta semana e declarou contar com o compromisso dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para levar o tema adiante.

Agenda econômica: inflação, PIB, juros e câmbio

Na frente econômica, o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, com projeções de mais de 100 instituições financeiras, mostrou nova queda nas expectativas de inflação e leve melhora nas previsões de crescimento para os próximos anos.

Inflação (IPCA)

2025: de 4,43% para 4,40% (quarta queda seguida)
2026: de 4,17% para 4,16% (terceiro ajuste consecutivo)
2027: mantida em 3,80%
2028: mantida em 3,50%

Crescimento do PIB

2025: de 2,16% para 2,25%
2026: de 1,78% para 1,80%

Taxa Selic

2025: projeção mantida em 15% ao ano
2026: de 12% para 12,25% ao ano

Câmbio (dólar)

2025: mantido em R$ 5,40
2026: mantido em R$ 5,50

Mercado à espera das decisões de juros

Outro ponto central desta semana são as decisões de juros do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve, ambas previstas para quarta-feira (10).

No Brasil, a expectativa majoritária é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic em 15% ao ano. Em declarações recentes, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem reforçado que as decisões seguem fatos e dados e que os juros devem permanecer elevados por mais tempo.

Em evento realizado no início do mês, ele já havia apontado que os dados do desemprego de outubro indicam um cenário econômico mais complexo do que o previsto, o que exigiria uma postura mais conservadora na condução da política monetária.

A taxa de desemprego recuou para 5,4% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível desde o início da série histórica, em 2012, mesmo diante de juros elevados e sinais mistos no mercado de trabalho.

Segundo ele, o país vive um contexto em que variáveis que tradicionalmente caminham juntas passaram a se mover em direções diferentes, com juros altos coexistindo com queda do desemprego e desaceleração da inflação.

Nos Estados Unidos, a maior parte dos investidores projeta que o Fed reduzirá os juros em 0,25 ponto percentual, dando continuidade ao ciclo de cortes.

As apostas ganharam força após a divulgação do PCE de setembro, adiada devido a uma paralisação de 43 dias do governo norte-americano. O indicador, que é a medida de inflação preferida do Fed, mostrou que os gastos dos consumidores avançaram em linha com as expectativas e que os preços básicos subiram 2,8% em 12 meses — ligeiramente abaixo da projeção de 2,9% do mercado.

Bolsas globais oscilam com cautela

Em Wall Street, as bolsas americanas fecharam em queda na véspera, em meio à espera pela decisão do Fed. As ações da Netflix recuaram 3,4%, em meio a novos capítulos da disputa pela compra da Warner Bros. Discovery.

O índice Dow Jones caiu 0,45%, a 47.739,32 pontos; o S&P 500 teve baixa de 0,35%, a 6.846,51 pontos; e o Nasdaq recuou 0,14%, a 23.545,90 pontos.

Na Europa, os principais mercados encerraram o dia praticamente estáveis. O clima foi de cautela, com os investidores à espera do desfecho da reunião do banco central dos Estados Unidos.

O avanço nos rendimentos de títulos públicos pressionou os índices, enquanto dados melhores da indústria alemã e declarações do Banco Central Europeu aumentaram a incerteza sobre os próximos passos da política econômica na região.

No fechamento, o índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,07%, a 578,36 pontos. Entre as principais bolsas, o DAX avançou 0,07%, a 24.046,01 pontos; o CAC 40 caiu 0,08%, a 8.108,43 pontos; e o FTSE 100 recuou 0,23%, a 9.645,09 pontos.

Em outros mercados europeus, o Ftse/Mib fechou estável, a 43.432,82 pontos; o Ibex-35 subiu 0,14%, a 16.712,20 pontos; e o PSI20 avançou 0,02%, a 8.199,90 pontos.

Ásia registra resultados mistos

As bolsas asiáticas encerraram a sessão com desempenho misto. Na China continental, os índices subiram após dados de exportação melhores do que o esperado e após o governo sinalizar medidas mais flexíveis de estímulo à economia em 2026. O setor financeiro liderou os ganhos, enquanto Hong Kong registrou queda.

Em Xangai, o índice SSEC avançou 0,54%, para 3.924 pontos, e o CSI300 ganhou 0,81%, a 4.621 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,23%, para 25.765 pontos. Em Tóquio, o Nikkei subiu 0,2%, a 50.581 pontos.

Em outros mercados da região, o Kospi fechou em alta de 1,34%; o Taiex avançou 1,15%; e o Straits Times recuou 0,54%.

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