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Saúde
Projeto da UnB usa o próprio Aedes aegypti como vetor de larvicida e reduz mosquitos em até 75%
Estações Disseminadoras de Larvicidas transformam o Aedes em aliado no combate à dengue, com quedas significativas na população de mosquitos em testes no DF, enquanto autoridades mantêm alerta e reforçam vacinação
09/12/2025 às 06:12por Redação Plox
09/12/2025 às 06:12
— por Redação Plox
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Um projeto da Universidade de Brasília (UnB) tem apresentado resultados promissores ao usar uma nova “arma” no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Em parceria com estudantes, o professor Rodrigo Gurgel, da Faculdade de Medicina, implantou no campus as chamadas Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), dispositivos que transformam o próprio mosquito em agente de combate à sua espécie.
A técnica, desenvolvida por pesquisadores de Manaus (AM), aproveita o comportamento natural do inseto para espalhar um larvicida em pó por diferentes criadouros. O objetivo é interromper o ciclo de vida do vetor antes que ele chegue à fase adulta.
Projeto da UnB desenvolve armadilhas que fazem o Aedes aegypti levar o próprio veneno consigo
Foto: TV Globo/Reprodução
Como funciona a armadilha instalada no campus
A EDL é descrita como um dispositivo simples e engenhoso: trata-se de um pote preto, com água no fundo e paredes internas impregnadas com um larvicida em pó conhecido como DBF.
O mecanismo atua em etapas encadeadas:
Primeiro, a fêmea do Aedes aegypti, que procura locais com água parada para depositar ovos, é atraída pela cor escura e pela água dentro do pote. Ao pousar na parede interna da estação, o mosquito tem patas e corpo impregnados com o pó do larvicida.
Em seguida, ao deixar a estação em busca de outros criadouros, o inseto carrega o produto e “contamina” outros recipientes com água parada. A partir daí, o larvicida impede que as larvas se desenvolvam e atinjam a fase adulta, reduzindo assim a população de mosquitos e, consequentemente, a transmissão da dengue e de outras doenças.
Projeto piloto e redução na densidade de mosquitos
O professor Rodrigo Gurgel acompanha os estudos sobre a técnica desde sua criação no Amazonas. Em 2016, ele decidiu aplicar a estratégia em um projeto piloto em 150 casas na região de São Sebastião, no Distrito Federal.
Acompanhamos durante um ano e percebemos que, lá, reduziu em 66% a densidade de mosquitos usando as EDLs
professor Rodrigo Gurgel
A partir dos resultados iniciais, a iniciativa foi expandida para o campus Darcy Ribeiro da UnB, na Asa Norte. Mais de 600 estações foram distribuídas em 12 prédios.
Os dados levantados pela equipe indicam que, nos prédios sem EDLs, foram aspirados em média 300 mosquitos. Já nos locais com as “armadilhas” instaladas, a média caiu para 75, o que representa uma redução de 75%.
Tecnologia é aliada, mas não resolve o problema sozinha
Apesar dos resultados expressivos, Gurgel destaca que as EDLs devem ser vistas como mais uma ferramenta em um “cardápio de tecnologias” de controle do vetor, e não como solução única.
Segundo ele, o controle do Aedes envolve diversas estratégias combinadas, como o uso de mosquitos com a bactéria Wolbachia, borrifação residual, atuação de agentes de saúde nas residências e o tradicional fumacê. Não há uma solução única capaz de erradicar o mosquito em todas as situações.
O professor também pontua que governos contam hoje com uma série de tecnologias desenvolvidas pela academia, que podem ser incorporadas às ações de vigilância de acordo com as características e necessidades de cada região.
Dengue em queda, mas com alerta mantido
Mesmo com a redução nos casos de dengue em comparação com o ano anterior, as autoridades reforçam que o alerta continua.
Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal apontam que, até 27 de novembro deste ano, foram registrados 11.417 casos prováveis de dengue e um óbito. No mesmo período do ano passado, haviam sido contabilizados 278.430 casos prováveis e 440 mortes.
O professor Rodrigo Gurgel e o Ministério da Saúde enfatizam que a participação da população é decisiva no controle da doença, já que, a cada quatro focos do Aedes aegypti, três estão dentro das casas ou em seus arredores. Sem a eliminação de criadouros domésticos, nenhuma tecnologia é suficiente.
Medidas para evitar a proliferação do mosquito
Entre as principais orientações para impedir a reprodução do Aedes estão:
Eliminar água parada em vasos de planta, garrafas, pneus e outros recipientes que possam acumular líquido; manter calhas e ralos sempre limpos; manter a água da piscina tratada e cobri-la quando não estiver em uso; receber agentes de combate a endemias e permitir a vistoria do imóvel; acionar a Vigilância Sanitária ao identificar possíveis focos em áreas públicas ou imóveis abandonados.
Vacina contra a dengue disponível na rede pública do DF
A Secretaria de Saúde do DF lembra que a vacina contra a dengue está disponível na rede pública para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
O esquema vacinal completo prevê duas doses, com intervalo de 90 dias entre a primeira e a segunda aplicação. Tomar as duas doses é fundamental para garantir a proteção adequada contra a doença.