Economia

Mercado mira última Superquarta de 2025 com expectativa de Selic mantida em 15% ao ano

Analistas projetam manutenção dos juros no Brasil, apesar de pressões por cortes, enquanto Fed pode iniciar ciclo de flexibilização com redução de 0,25 ponto percentual

09/12/2025 às 17:31 por Redação Plox

O mercado financeiro se prepara para a última Superquarta de 2025, nesta quarta-feira (10/12), quando Brasil e Estados Unidos divulgam, no mesmo dia, as novas decisões sobre seus juros básicos. No Brasil, o foco está no Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, pressionado por integrantes do governo e por agentes do mercado a cortar a taxa Selic. A taxa, hoje em 15% ao ano, tende a ser mantida, segundo analistas. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) também enfrenta pedidos por afrouxamento monetário, mas o resultado da reunião segue tratado como incógnita.

Cédulas de 50 reais sendo manuseadas, dinheiro em espécie

Cédulas de 50 reais sendo manuseadas, dinheiro em espécie

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil


Dia de ajuste fino nas expectativas do mercado

A chamada Superquarta é vista como um momento de forte reorganização de expectativas, em que, em poucas horas, são recalibrados risco, câmbio e decisões de investimento. Isso porque, além da definição sobre manter, subir ou reduzir os juros, os bancos centrais costumam divulgar comunicados detalhando as razões de cada decisão, o que dá pistas sobre os próximos passos da política monetária.

Para a especialista em finanças e tributação Adriana Melo, os sinais recentes indicam estabilidade dos juros no Brasil, sem espaço, por ora, para um ciclo de cortes na Selic.

Pressões e limites para Copom e Fed

Adriana avalia que o Fed deve manter a taxa de juros americana, hoje no intervalo entre 3,75% e 4,00% ao ano, apesar da pressão do governo dos Estados Unidos por redução. Ela lembra que o cenário por lá ainda é influenciado por dados econômicos impactados pelo último shutdown.

No caso brasileiro, a especialista destaca que o Copom até poderia cortar, manter ou elevar a Selic, mas o quadro atual restringe a margem de manobra. Entre os fatores que pesam contra um corte imediato estão a inflação de serviços ainda elevada, a sensibilidade do câmbio, as incertezas fiscais e a ausência de um sinal claro de alívio por parte do Fed. Segundo ela, a taxa de juros doméstica também reage aos efeitos da decisão americana.

Combinação ideal para ativos brasileiros só mais à frente

Análises da XP Investimentos apontam que uma eventual queda simultânea dos juros nos Estados Unidos e da Selic no Brasil seria “uma combinação muito poderosa” para os ativos brasileiros em 2026. A instituição, porém, projeta que o Copom só deverá promover mudanças na atual Selic a partir de 2026.

Inflação, metas e o horizonte relevante do Copom

Pedro Cutulo, estrategista da ONE Wealth Management, avalia que a inflação ao consumidor tem se mostrado benigna nos últimos meses, em linha com a meta. Ele pondera, entretanto, que as projeções indicam que o índice deve superar temporariamente o teto da meta no início de 2026, voltando à banda de oscilação apenas no segundo semestre do ano que vem.

Cutulo lembra que o horizonte relevante de atuação do Copom é de 18 meses e ressalta que a mediana das expectativas de inflação para esse período, segundo o relatório Focus do Banco Central, convergiu para dentro da banda de oscilação somente três reuniões atrás. Ao se considerar o desvio padrão dessas projeções, a convergência total só teria ocorrido na última reunião do colegiado.

Nesse contexto, o estrategista não vê espaço para mudanças na taxa Selic nesta Superquarta e ressalta a necessidade de cautela por parte da autoridade monetária.

Mensagens do BC ganham peso no Brasil

Para Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, o cenário mais provável no Brasil é de manutenção da Selic em 15% ao ano, trajetória que, segundo ele, já vem sendo amplamente sinalizada nas últimas atas do Copom e reforçada pelos dados recentes de inflação e atividade econômica. Cunha avalia que o maior foco do mercado estará no comunicado pós-reunião, que pode trazer sinais decisivos sobre o rumo da política monetária em 2026.

Quanto aos Estados Unidos, ele vê alta probabilidade de o Federal Reserve iniciar um ciclo de flexibilização, com corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, levando o intervalo para algo entre 3,50% e 3,75% ao ano.

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