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Saúde
UnB usa estação com larvicida e reduz em até 75% presença de Aedes aegypti
Projeto coordenado pelo professor Rodrigo Gurgel transforma o próprio mosquito em vetor de larvicida, com estações instaladas em casas no DF e no campus Darcy Ribeiro, e é apontado como ferramenta complementar no combate à dengue
09/12/2025 às 18:54por Redação Plox
09/12/2025 às 18:54
— por Redação Plox
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Um projeto da Universidade de Brasília (UnB) vem apresentando resultados promissores no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya. A iniciativa transforma o próprio inseto em vetor de um larvicida que ajuda a reduzir sua população.
UNB apresenta nova ferramenta no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya
Foto: Foto: Reprodução
Coordenado pelo professor Rodrigo Gurgel, da Faculdade de Medicina, o estudo conta com a participação de estudantes e utiliza, no campus, as chamadas Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs). Essas estruturas funcionam como “armadilhas inteligentes”, que induzem o mosquito a carregar o produto tóxico para outros criadouros.
A técnica foi desenvolvida por pesquisadores de Manaus (AM) e se baseia no comportamento natural do Aedes aegypti para espalhar um larvicida em pó por diferentes pontos de água parada, locais onde o inseto costuma se reproduzir.
Como funcionam as estações disseminadoras
A EDL é descrita como um dispositivo simples e engenhoso: trata-se de um pote preto, com água no fundo e as paredes internas impregnadas com um larvicida em pó conhecido pela sigla DBF. O mosquito é atraído para o recipiente, entra em contato com o produto e depois o leva para outros recipientes com água, contaminando potenciais criadouros.
O mecanismo funciona em etapas, conforme o comportamento de pouso e voo do Aedes aegypti, o que favorece a disseminação do larvicida de forma passiva, usando o próprio inseto como agente de controle.
Resultados em casas e no campus da UnB
O professor Rodrigo Gurgel acompanha os estudos da técnica desde a fase de desenvolvimento no Amazonas. Em 2016, ele decidiu aplicar a metodologia em um projeto piloto em 150 casas na região de São Sebastião, no Distrito Federal.
Acompanhamos durante um ano e percebemos que, lá, reduziu em 66% a densidade de mosquitos usando as EDLs
— professor Rodrigo Gurgel
Em 2023, a estratégia foi ampliada para o campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Mais de 600 estações foram distribuídas em 12 prédios da universidade. A comparação entre áreas com e sem o uso das EDLs mostrou uma diferença significativa na quantidade de mosquitos aspirados.
Nos prédios que não contavam com as estações, foram capturados, em média, 300 mosquitos. Já nos locais com as “armadilhas”, a média caiu para 75. Isso representa uma redução de aproximadamente 75% na presença do Aedes aegypti nesses ambientes.
Ferramenta complementar no controle do Aedes
Apesar dos bons resultados, Gurgel ressalta que as EDLs não substituem outras ações de combate ao mosquito. Para ele, o controle eficiente depende da combinação de diferentes estratégias.
Segundo o professor, há um verdadeiro “cardápio de novas tecnologias”disponíveis: além das EDLs, estão em uso a soltura de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, a borrifação residual, o trabalho de agentes de saúde em visitas domiciliares e o fumacê. Não existe solução única capaz de erradicar o Aedes aegypti, reforça ele.
O docente destaca ainda que governos têm à disposição diversas tecnologias desenvolvidas pela academia, que podem ser incorporadas aos serviços de vigilância conforme as características e necessidades de cada região.
Dengue em queda, mas com alerta mantido
Mesmo com a adoção de novas técnicas e a redução de casos em comparação com o ano anterior, o alerta para a dengue permanece. Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, até 27 de novembro deste ano, indicam 11.417 casos prováveis da doença e um óbito.
No mesmo período do ano passado, o cenário era bem mais grave: foram registradas 278.430 ocorrências prováveis e 440 mortes. A diferença mostra uma queda expressiva, mas as autoridades reforçam que o risco de transmissão continua.
O professor Rodrigo Gurgel e o Ministério da Saúde lembram que a participação da população é decisiva no controle do Aedes aegypti. Estimativas apontam que, a cada quatro focos do mosquito, três estão dentro das casas ou em seus arredores.
Cuidados da população e vacinação
Entre as principais recomendações para evitar a proliferação do Aedes estão eliminar água parada em recipientes, cuidar de calhas, ralos e caixas d’água, manter lixeiras bem tampadas e observar quintais, vasos de plantas e áreas externas que possam acumular água.
A Secretaria de Saúde do DF também destaca que a vacina contra a dengue está disponível na rede pública para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
O esquema vacinal completo prevê duas doses, com intervalo de 90 dias entre a primeira e a segunda aplica ção.
Tomar as duas doses é essencial para garantir a proteção adequada contra a doença.