Mortes de macacos intensificam alerta para febre amarela em Minas Gerais
Casos em animais no Norte do estado e a primeira contaminação humana de 2025 no Sul reforçam a necessidade de prevenção e vacinação.
Por Plox
10/01/2025 11h48 - Atualizado há 2 meses
A morte de sete macacos em municípios do Norte de Minas Gerais acendeu um alerta para a febre amarela no estado. O episódio coincide com a confirmação do primeiro caso humano da doença em 2025, registrado na cidade de Camanducaia, no Sul de Minas. As vísceras dos animais foram enviadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para análise laboratorial, enquanto ações de controle e imunização já foram iniciadas em áreas afetadas.

Investigação no Norte de Minas
Os macacos foram encontrados mortos na zona rural de Coração de Jesus e São João do Pacuí, durante uma investigação conduzida pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros. Os técnicos coletaram amostras no final de dezembro, mas até o momento, os resultados dos exames laboratoriais não foram divulgados pela Funed, que alegou confidencialidade devido à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
No último levantamento oficial, divulgado em setembro de 2024, o estado registrava 85 epizootias (infecções em primatas não humanos) relacionadas à febre amarela em diferentes estágios de investigação. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e o Ministério da Saúde não detalharam atualizações recentes sobre esses números.
Caso humano confirmado em Camanducaia
O primeiro caso de febre amarela humana em Minas Gerais neste ano foi confirmado na quarta-feira (10). Um homem de 65 anos, morador de Camanducaia, contraiu a doença e está internado em São Paulo, onde recebe tratamento oncológico. Apesar da gravidade da situação, ele não corre risco de morte.
Segundo a Prefeitura de Camanducaia, a contaminação ocorreu provavelmente no sítio do paciente, localizado em Itapeva, uma das áreas classificadas como "zona de epizootia" no Sul de Minas. Na mesma região, o município de Ipuiúna também registrou dois episódios de febre amarela em macacos. Em resposta, a administração municipal intensificou a vacinação, disponibilizando doses para todos os moradores ainda não imunizados.
Ações de vacinação e combate ao vírus
A campanha de vacinação contra a febre amarela foi reforçada não apenas em Minas Gerais, mas também em São Paulo, estado vizinho que recebeu 100 mil doses extras do imunizante. Em Ribeirão Preto, exames confirmaram a presença do vírus em macacos encontrados no câmpus da Universidade de São Paulo (USP). Por isso, moradores e trabalhadores do local que nunca receberam a vacina foram imunizados.
Ciclo e transmissão da febre amarela
Atualmente, a febre amarela é uma doença de ciclo silvestre no Brasil, sendo transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Os últimos registros de transmissão urbana, pelo mosquito Aedes aegypti, ocorreram em 1942. O padrão sazonal da enfermidade atinge seu pico entre dezembro e maio, período marcado por altas temperaturas e maior densidade de vetores.
Os macacos, embora não transmitam a doença aos humanos, são considerados sentinelas, pois indicam a circulação do vírus em áreas específicas. A febre amarela é endêmica na região amazônica, mas reaparece em surtos esporádicos em outras áreas devido a fatores como baixa cobertura vacinal e condições ambientais favoráveis à disseminação do vírus.
Histórico de febre amarela em Minas Gerais
Entre 2014 e 2023, o Brasil registrou 2.304 casos de febre amarela em humanos, com 790 mortes. Minas Gerais enfrentou duas epidemias severas entre 2016 e 2018, contabilizando 1.006 casos e 340 óbitos. Mais recentemente, em 2024, houve uma morte confirmada na cidade de Monte Sião, no Sul do estado.